D10S, SEMPRE!
Acompanhar a decisão de um Campeonato do Mundo de futebol é, mais do que um sonho, objetivo de carreira de qualquer jornalista que encontra nesta modalidade apaixonante a sua principal ferramenta profissional. Muitos companheiros da minha (e de outras) geração, possuidores de qualidades suficientes para cumprirem esse desígnio, nunca foram escolhidos para tal. Fui mais feliz! E do meu orgulhoso currículo constam, digo-o com vaidade, seis fases finais de Mundiais.
Os Estados Unidos de 1994 deixam-me saudades; hoje é o que se sabe, resultado do terrível atentado de nine eleven de 2001. Quando me lembro de ter podido movimentar-me livremente em Nova Iorque ou Chicago, ir ao futebol em Boston, Dallas, Orlando ou Los Angeles sem controlos apertados… sinto angústia pelo presente. E desse Mundial de estreia, sem Portugal – no ano anterior, a seleção orientada por Carlos Queiroz tinha sido afastada pela Itália num jogo muito polémico, com o treinador a largar uma bomba quando afirmou que a porcaria tinha de ser varrida da Federação – ficará, para sempre, a recordação (e frustração) do mais genial futebolista que vi jogar: Diego Armando Maradona, D10S!
Antes dele, três momentos marcantes: 25 de junho, no Citrus Bowl, em Orlando, na companhia do Paulo Catarro. Com 50 graus à sombra, às 12:30 locais, vimos a Bélgica vencer a então Holanda (1-0) e no final conversámos com Michel Preud’homme, que estava a caminho do Benfica; 28 de junho, em Giants Stadium, nos arredores de Nova Iorque: a Rep. Irlanda empata com a Noruega (0-0) e garante, pela primeira vez, a passagem aos oitavos de final da competição e a festa no estádio é brutal, de tal forma que Jack Charlton, o técnico da proeza, teve de voltar ao relvado depois de ter regressado ao balneário e foi ovacionado durante bons 15 minutos. 17 de junho, no Rose Bowl, em Pasadena, concretizo o tal objetivo de vida e sou um dos 80 mil que assistem à conquista do tetra pelo Brasil de Romário, Dunga e Bebeto. A cereja no topo do bolo do Mundial de estreia seria tornear o impossível: chegar à fala com D10S. Tinha o esquema todo montado, mas após o 4-0 à Grécia… Diego foi expulso. Tinha cocaína no sangue. Fiquei triste. Por ele e com ele, mas nunca deixei de o “amar”. Ele será sempre o meu D10S do futebol!