DANIEL FAZ DE CONTA
1. A ficção nacional da SIC vive dias negros. Veja bem, caro leitor: Sangue Oculto, a primeira novela do horário nobre, perde sempre para Festa É Festa – na última semana, com uma diferença entre os 150 e os 200 mil espectadores. A segunda, Por Ti, raramente faz cócegas à rival, Quero É Viver. Já Lua de Mel, essa história que decidiu juntar outras antigas da estação, recuperando famosas personagens, foi agora relegada para depois da meia-noite, na sua reta final, sem honra nem glória – a consagrada Luísa Cruz não merecia tamanha falta de consideração. Se Sangue Oculto é uma novela interessante, com boas prestações – Sara Matos, Adriano Luz, Sofia Alves, Virgílio Castelo, Manuela Couto, Carla Andrino, Luís Alberto ou Lia Gama –, a verdade é que as audiências não correspondem às expectativas do diretor de Programas da SIC.
“Tem um ritmo muito forte, e vai cativar os espectadores”, anunciava, confiante, antes da estreia, em 6 de outubro. Também a propósito do arranque de Por Ti, em 7 de março, Daniel Oliveira assumia, orgulhoso, ao lado do troféu Lourenço Ortigão, que acabara de roubar à TVI: “Queremos é contar histórias que sejam suficientemente atrativas para os espectadores.” Sobre Lua de Mel, cujo primeiro episódio foi para o ar em 6 de junho, garantia que ia “surpreender as pessoas todas as noites, com uma história leve e divertida”.
O balanço é, por isso, péssimo, e, por mais piruetas que o diretor faça, não há volta a dar: atualmente, os portugueses estão mais identificados com as tramas da TVI. E como será com a próxima, Caminhos Cruzados, protagonizada por Bárbara Branco, com estreia marcada para breve?
2. Dino D’Santiago merece uma salva de palmas, por várias razões: primeiro, pela música de qualidade que faz; segundo, pelo excelente desempenho como mentor no The Voice, onde ajuda concorrentes a alcançarem os seus sonhos; depois, pelo trabalho de solidariedade que iniciou na sua antiga escola, em Quarteira; e, por fim, pela denúncia de casos de racismo e xenofobia em Portugal, o último dos quais envolvendo-o a ele próprio, no Rossio, com um taxista que se recusou a transportá-lo para a Amadora. Aos 40 anos, é um exemplo para todos. Parabéns!