TV Guia

A HOMENAGEM PERFEITA NUM MUNDO IMPERFEITO

- POR LUÍSA JEREMIAS DIRETORA DA TV GUIA

Teve tudo para ser uma noite única. E foi. Como disse Marcelo Rebelo de Sousa, a noite servia não para mergulhar nas dores do passado, mas antes para olhar o futuro e fazer algo de bom pelos outros. Era assim que Sara Carreira podia ser perpetuada. Era assim que ela se tornaria sempre sinónimo de vida. O Presidente não podia estar mais certo. A Gala dos Sonhos, transmitid­a no último domingo à noite na SIC foi perfeita, quer na realização, na forma como o espetáculo foi conduzido sabiamente por Fátima Lopes, no alinhament­o de artistas e na própria escolha dos convidados, nas graças de Fernando Rocha que desta vez tiveram o condão de trazer a lágrima ao olho, em vez de fazer rir. Tudo esteve doce, leve, como num conto de fadas, uma história de encantar, a condizer com o que era, afinal, Sara.

Tudo perfeito à exceção de uma coisa: a razão de ali estar. O desapareci­mento prematuro de uma menina-mulher com o mundo pela frente, a quem a vida foi roubada num acidente sem sentido, em noite de temporal numa autoestrad­a.

Faz agora dois anos. E, no entanto, parece que foi ontem. Dois anos sem respostas, com muitas mágoas, sustos de saúde, um sofrimento impossível de descrever. Dois anos recentes e, porém, cheios de coisas novas – e boas – a acontecer. A Associação Sara Carreira é uma delas. Criada para fazer o Bem, para dar uma vida melhor a quem precisa, realizar os tais sonhos que assim se tornam possíveis.

Fernanda e Tony, bem como Mickael e David, podem orgulhar-se destes dois duros anos. Transforma­ram, sim, a dor em trabalho, em reconstruç­ão, em renascimen­to. Ergueram-se e ajudaram outros a conseguir uma vida melhor, que seria impossível de outra forma. Podem orgulhar-se do trabalho. Podem ter a certeza de que Sara, no lugar lindo onde estiver, vai olhá-los, feliz, por tudo isto. Por estarem, juntos, a concretiza­r sonhos e a contribuir para uma vida melhor de quem acredita e luta por eles. Quanto à gala, parabéns à SIC por ter tido a sensibilid­ade de transmitir todas estas emoções de forma mestra e com discrição. Isto é televisão e é saber honrar o trabalho de quem confia neles.

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