O ANO DA CEPA TORTA

E eis que 2022 está quase a chegar ao fim sem novidades a assinalar. Os líderes permanecem líderes, os candidatos permanecem candidatos. Mas comecemos pelo cabo. Um ano após o arranque dos trabalhos, eis que a CNN se mantém segunda na luta entre os três principais canais de informação (ou pelo menos maioritariamente de informação). O início da guerra fez pensar que algo poderia mexer nesta área. Afinal, a CNN, com a sua fortíssima componente internacional tinha a faca e o queijo na mão para dar cartas. E deu. Mas só até os espectadores se fartarem da overdose de Ucrânia e conflito bélico. Nessa fase, bateu sistematicamente a SIC Notícias – maior afetada com o seu surgimento – mas no continuado não beliscou a liderança incontestada da CMTV, que se mantém firme e forte a liderar. O cenário repete-se nos canais generalistas: a TVI tentou, tentou, mas não conseguiu, até agora, ultrapassar a líder SIC, que, na sua estratégia de “não mexe enquanto funciona” e de “quanto menos surpresas, melhor”, tem sabido manusear a grelha e manter-se confortável na liderança. Nem Big Brother nem a novela-líder Festa É Festa tiveram força para inverter as posições. Na concorrência quase idêntica nas tardes (Goucha contra Júlia), nas manhãs (Cláudio e Maria contra Baião e Diana), nos domingos à tarde, no horário nobre, nada mexeu. Contas finais feitas: SIC ganha, TVI perde. Ainda ou outra vez (depende das interpretações). TVI perde apesar dos ataques, das surpresas, da chegada oficial de Moniz, da boa performance dos programas já enumerados e de outros como Quero É Viver – que não chegou para virar a mesa. Então nada mesmo aconteceu neste ano de cepa torta? Bom, nada também é um exagero. Há dois sinais a ter em conta para 2023: Cristina Ferreira já não faz tudo o que lhe apetece na TVI. Foi acalmada. Já não tem ordem para reagir por impulso acompanhado de fogo de artifício nas redes sociais. A contenção e a boca fechada são o novo ponto de honra em Queluz de Baixo. E Daniel Oliveira deve aprender com os sustos, em especial um: Quem Quer Namorar com o Agricultor?, a prova de que o público se cansa e que não “papa” qualquer coisa. Posto isto, Feliz Ano Novo!