TRAVESSIA do deserto “um estado de graça”
Com 37 anos de carreira, a atriz lamenta não ter trabalho com frequência em televisão, mas ainda consegue ser irónica com o drama. Voltar a representar, na série O Crime do Padre Amaro, foi
Filomena Gonçalves, de 61 anos (37 deles dedicados à arte de representar), regressou ao pequeno ecrã, na pele de São Joaneira, a mãe de Amélia (Bárbara Branco), a jovem protagonista caída em tentação de O Crime do Padre Amaro, na RTP1, encantada com o “convite irrecusável”. “Voltar a este ambiente de gravações foi um verdadeiro estado de graça. Já tinha saudades de usar um espartilho [risos]. Não, não tinha nada, estou a brincar”, corrigiu a consagrada atriz, que andava desaparecida desde Festa É Festa, novela de sucesso em 2021.
Feliz com a série de época que a RTP1 estreou na segunda-feira, 16, Filomena Gonçalves lamenta, contudo, que reiteradamente se esqueçam dela para mais projetos de ficção nacional. “Neste momento, não tenho mais nenhum trabalho, é pena. As gravações desta série terminaram em finais de agosto de 2021. Surgem aqui e ali umas coisinhas pontuais, mas não assim uma coisa que me encha o peito. Pode ser que agora me vejam. Ninguém sabe quem eu sou...”, continua, irónica.
CURRÍCULO EXEMPLAR
A atriz, que encabeçou elencos de alguns dos melhores trabalhos de ficção em Portugal – Ballet Rose (RTP1, em 1998) e A Ferreirinha (RTP1, em 2004), por exemplo –, está apaixonada pela série da estação pública, de seis episódios, que narra no ecrã a obra-prima de Eça de Queirós. “Temos um elenco extraordinário e um autor que não se pode desejar melhor. O Leonel Vieira, que conheço muito bem, é um realizador fabuloso, o Ballet Rose foi feito por ele. Fiquei encantada por voltar àquele ambiente”, assegura, alertando para um detalhe: “A minha casa em O Crime do Padre Amaro foi um décor onde estivemos muito tempo. É giratória, onde as personagens vão todas lá ter.” ●