BREVE MELODIA SEXUAL
De férias dos prazeres profissionais e do querido e paciente comandante. Mereço. O meio ano decorrido tem sido intenso, com dias e noites que fazem inveja ao ginásio. Não posso queixar-me da falta de músculo. Agenda encontra-se tal como a barriga: cheia. A felicidade, neste momento, vive numa praia linda de mar quente e quase vazia de pessoas. Há uma, vinda dos lados do Mediterrâneo, que aparentou, desde o primeiro encontro circunstancial, fome. E não estou a referir-me, como é lógico, à falta do género de comida que se compra no supermercado.
Mal alimentado de sexo. A frase curta pode rasar a parolice. Viva, então, os parolos. Gosto de servir quem está a passar dificuldades íntimas. Ahahah. A mim dá-me vontade de rir. E o riso não vem dos nervos. Ontem, ao contrário do grande Alexandre O’Neill, não foi o medo que teve pernas. Foi o que tem que ser quando duas pessoas não precisam
de se conhecer para tocarem flauta e baixo. Poucas vezes consenti esta mística, como diz uma amiga que, outrora, levava para a sua cama, cavalheiros cujos nomes e histórias ficaram por saber. Nunca me arrependi de ter participado ativamente nesse misticismo que é acordar e já não ver, sequer, a marca de corpo nos lençóis, nem sequer vestígios na almofada e, até, pensar que tudo não passou de um sonho. Nos dias de ócio digo sempre que prefiro dar-me descanso. Ainda a caminho deste pequeno paraíso, onde me encontro, disse baixinho que não iria cair em tentação nenhuma. Morro pela língua. No terceiro dia já estava a dar duas. Não posso garantir que terá sido a melhor sonata da minha vida. Mas a verdade acima do prazer; é difícil encontrar tanta perícia em tão pouco tempo. Os quinze minutos que demoraram na preparação de um cocktail colorido sobraram para que os preliminares dessem de beber à dor. A seguir, as cores não vieram no copo.
MAL ALIMENTADO DE SEXO. A FRASE CURTA PODE RASAR A PAROLICE. GOSTO DE SERVIR QUEM PASSA
POR DIFICULDADES ÍNTIMAS