SEM VARIAÇÕES EM MI

Os ventos parece que sopram com vontade de atingir a minha atividade. Mas, não. A mim só me toca aqueles que quero. As medidas do Governo da nação exigem que todos fiquem em casa desde as onze da noite até às cinco da matina do dia seguinte, a menos que o povo vá ali e acolá. Aqui, em casa, não dorme ninguém comigo. E se acontecer uma ida ao céu, bom, não é com nomes que chegam da agenda ou da política. Portanto, a mim, as alíneas de combate à Covid-19 não me escangalham a ponta do teclado. E, felizmente, também não tenho nenhum prazer aos fins de semana. Talvez, em imensos quilómetros de ginástica de virar a ave, tenha recebido dois, ou três. Esgotaram-se a disponibilidade e a disposição.

Um dó ré mi matinal, no sábado ou no domingo, não me oferta pedal no instrumento. Só em ocasiões, e com pessoas muito especiais, o comboio apita de dia. Isso de ser pela fresquinha não me inspira assim tanto. Puxa pelo corpo e o meu corpinho não se pode gastar logo pela manhã, com agravante (que me enerva bastante) de ter a probabilidade de horas para acabar; as esposas não gostam de comer sozinhas. Pois é. Quando começo nunca sei quando o carro entra no parque. Esta vida que escolhi, e com gosto, embora me saiba a perfume, diz-me que preciso de poupar as pernas. Sim, sim. Poupar. As pernas, que são o guindaste para chegar, e abrir, reclamam, e com razão, excessos. O pensamento que me ocorre, até, pode ser considerado de egoísta e eu ralada. O máximo que conseguir com mínimo esforço, melhor, muito melhor. Quem faz o que eu faço apenas duas vezes por semana já boceja a boca. Agora, o querido leitor faça o favor de imaginar a possível gelatina que me assiste. Quem corre por gosto, tal como diz o ditado popular, evidentemente, não se cansa. E eu não me estafo. Cuido-me. Repetições, sim, senhora, mas sem tempo de espera.

“AS ESPOSAS NÃO GOSTAM DE COMER SOZINHAS. POIS É. QUANDO COMEÇO NUNCA SEI QUANDO O CARRO ENTRA NO PARQUE”