O MUNDO SABE QUE...
rir, sorrir, mãos nos bolsos, cabeça e olhos para o lado oposto do microfone. Assim vimos Rúben Amorim, regressava a Lisboa após uma rapidíssima viagem a solo inglês. Só mostrava dentes Pepsodent. Abrir a boca para esclarecer a sua viagem à Inglaterra, não senhor. A única declaração que soube dar aos jornalistas: “Até Sábado”. O treinador, que se saiba, assinou contrato com o Sporting Clube de Portugal até 2026, e é escudado por uma cláusula milionária de 30 milhões de euros para clubes nacionais e 20 milhões para estrangeiros. Se foi falar com os dirigentes do Liverpool, West Ham ou com o rei Carlos
III, não interessa. O que interessa, sim, é a realidade a chocar com a ética: Rúben Amorim saiu de Lisboa num jacto particular (ou que fosse de autocarro) acompanhado pelo seu agente rumo a Inglaterra para tratar da sua vidinha profissional. O Sporting não merece tal desrespeito. Não só, ao contrário de Roger Schmidt, o iluminado que devia treinar o Benfica como mandam as regras, que menospreza e se zanga com os adeptos por não aceitar a fúria dos péssimos resultados - eles, e só eles, os que apoiam o clube até debaixo de água - são o maior sustento espiritual de qualquer clube e a forte fonte de receita que paga ordenados a treinadores e jogadores. A claque leonina, ou outra, não deveria levar com tamanha afronta. O mister Amorim faz, e justiça lhe seja feita, um brilharete no campeonato português, mas ainda com uma ligação contratual e vésperas do clássico com o Futebol Clube do Porto, ala que já era tarde, vai, num instante, vasculhar o futuro. Uma atitude desastrosa. O contentamento de Rúben aquando da chegada ao aeroporto Humberto Delgado demonstra sinais de que os tempos andam nublados para a palavra de honra. Amorim, possivelmente, sorria de si mesmo.