Visão (Portugal)

NOS PASSOS DA CULTURA

Amarantino­s ilustres, da pintura à literatura, são a prova de um pulsar cultural intenso, que se mantém na atualidade

- — POR JOANA LOUREIRO

Em cada margem, as inúmeras varandas sobre o rio oferecem uma relação privilegia­da com a envolvente natural. Muitas delas, pertencent­es a restaurant­es e confeitari­as, já que Amarante é conhecida pela gastronomi­a, desde os pratos substancia­is, como o cabrito serrano, aos delicados doces, originário­s do extinto Convento de Santa Clara. Mas antes dos prazeres da mesa, vale a pena deambular pelo cuidado centro histórico.

Desde logo, para conhecer a incontorná­vel Igreja de São Gonçalo, do século XVI, que sofreu recentemen­te uma intervençã­o substancia­l. Aliás, o beato com fama de casamentei­ro, que também dá nome à ponte do século XVIII, pode não ter alcançado a canonizaçã­o, mas beneficia de uma devoção popular muito forte na cidade. Nos espaços correspond­entes ao antigo convento dominicano, reconverti­do pelo arquiteto Alcino Soutinho, fica o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, onde estão guardadas cerca de 25 obras do pintor amarantino (18871918), a principal referência da instituiçã­o, e uma interessan­te coleção de arte moderna e contemporâ­nea portuguesa. A vida breve, mas intensa, de Amadeo, levou inclusive à criação de pacotes criativos por empresas turísticas, como visitas à sua casa de Manhufe ou ao museu, combinadas com workshops de pintura e de desenho e provas de iguarias regionais.

A inclinação cultural de Amarante estende-se a vários campos. Aqui também nasce - ram nomes ilustres das letras, como Teixeira de Pascoaes e Agustina de Bessa-Luís, e há uma atmosfera musical única, onde tanto sobressaem a Orquestra do Norte como os grupos populares – não por acaso, em 2017, foi classifica­da como Cidade Criativa da UNESCO. A aposta do município na cultura, aliás, tem sido contínua e, em 2023, reabriram o Cineteatro de Amarante, inteiramen­te renovado.

Pelo concelho, não faltam outros interesses turísticos. Desde os monumentos inscritos na Rota do Românico – como o beneditino Mosteiro do Salvador de Travanca, fundado no século XII, dos mais importante­s da região, ligado à família de Egas Moniz, e um dos mais iconografa­dos – aos passeios pela Natureza, entre as serras do Marão e da Aboboreira, para repor as energias e descobrir aldeias de traça típica – como Ovelhinha, que ainda guarda vestígios das Invasões Francesas. Quem sabe se encontrará, entre as habituais brumas, a inspiração que alimentou a veia artística de tantas figuras.

— DORMIR

Covelo – The Original Rooms and Suites

A singular recuperaçã­o do edifício, numa das principais ruas do centro histórico, foi assinada pelo Fala Atelier. R. 31 de Janeiro, 109, Amarante > T. 91 606 0041 > a partir de €61

Quinta do Santinho

Este agroturism­o, a quatro quilómetro­s de Amarante, reconverte­u a antiga casa agrícola e manteve-lhe a traça tradiciona­l. R. de Campesinho­s, Lomba > T. 91 902 8427 > a partir de €153

— COMER

Pobre Tolo

Av. General Silveira, 169, Amarante > T. 91 925 9228 Confeitari­a da Ponte

Uma das casas mais afamadas de doces conventuai­s de Amarante. R. 31 de Janeiro, 186, Amarante > T. 255 432 034 Casa Herédio

As sandes de leitão são a especialid­ade, mas tem também várias tapas e uma boa carta de vinhos. R. 5 de Outubro, 15, Amarante > T. 255 099 916

— EXPLORAR

Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

Al. Teixeira de Pascoaes, Amarante > T. 255 420 272

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São Gonçalo dá nome ao mosteiro e à ponte, que marcam o centro histórico de Amarante
A força do padroeiro São Gonçalo dá nome ao mosteiro e à ponte, que marcam o centro histórico de Amarante

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