Visão (Portugal)

DDD – Festival Dias da Dança

Celebrar a Liberdade

- Joana Loureiro

A Revolução dos Cravos serve de mote para uma edição, com 27 espetáculo­s, que redefine os limites da dança e aposta em novos formatos de apresentaç­ão

Os dias de abertura do DDD – Festival Dias da Dança revelam um pouco do que será a programaçã­o desta 8ª edição, espalhada por 17 palcos do Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos. O arranque dá-se no Palácio do Bolhão, nesta terça, 23, às 19h30, com Zona Franca, de Alice Ripoll, em que a coreógrafa brasileira, da Cia. Suave (muitos dos seus bailarinos são oriundos das favelas e das periferias cariocas), trabalha as relações entre as danças urbanas e populares do Brasil (do funk ao passinho) com uma encenação contemporâ­nea. “É um espetáculo, uma festa e uma celebração”, aponta Cristina Planas Leitão, que assina a direção artística do festival (juntamente com Drew Klein), mas no qual também há lugar para a crítica social e política.

No mesmo dia, às 21h30, no auditório do Rivoli, é a vez de o coreógrafo sueco Jefta van Dinther voltar a surpreende­r o público com REMACHINE (uns dias depois, também apresentar­á Dark Field Analysis), com os bailarinos presos a uma plataforma giratória, numa dança entre restrição e liberdade, e a música da compositor­a Anna von Hausswol¤ a marcar o ritmo. Mais tarde, às 23h, Marco da Silva Ferreira instalará Salão Pavão no

Café do Rivoli, um “manifesto ousado de libertação”, que aproxima a performati­vidade das danças de salão às dinâmicas de encontro no clubbing. Já na quarta, 24, o público será convidado a pernoitar neste teatro, durante a Dormifesta­ção, o projeto do catalão Roger Bernat que aponta o dedo à emergência habitacion­al que se vive na atualidade.

No fundo, em quatro espetáculo­s, estão espelhados a forte componente internacio­nal do festival – nota ainda para o regresso de Jan Martens, a estreia de Jeremy Nedd com o seu trabalho sobre o Milly Rock, ou La Chachi e a sua reinvenção do flamenco –, o destaque dado à comunidade artística que vive em Portugal (serão estreadas nove criações) e a redefiniçã­o dos limites da dança, em que as peças “também podem ser concertos e as partituras de movimento podem ser festas porque”, como afirmam os codiretore­s artísticos do festival, “queremos que o DDD continue a inspirar, desafiar e unir, renovando este compromiss­o de liberdade”.

Vários locais do Porto, V.N. Gaia e Matosinhos > T. 22 339 2201 > 23 abr-5 mai > grátis (espaços públicos e festas) a €20

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Em Zona Franca, o espetáculo de abertura deste DDD, a coreógrafa Alice Ripoll trabalha as relações entre as danças urbanas e populares do Brasil (do funk ao passinho) com uma encenação contemporâ­nea
Várias danças Em Zona Franca, o espetáculo de abertura deste DDD, a coreógrafa Alice Ripoll trabalha as relações entre as danças urbanas e populares do Brasil (do funk ao passinho) com uma encenação contemporâ­nea

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