ENTRE ARRIBAS
É na costa norte, menos explorada, que a ilha preserva paisagens naturais únicas
Comecemos pela vereda de três quilómetros que percorre a Ponta de São Lourenço, a península mais oriental da ilha da Madeira e muito procurada pelos caminhantes. Ali, na viragem entre as duas costas, tem-se a exata perceção do monumental recorte rochoso da vertente norte, com os tons de ferrugem a contrastar com o profundo azul do mar. Para ir a banhos, o melhor é avançar mais para oeste, para Porto da Cruz, vila pacata onde há uma das poucas praias com fundo de areia (escura) e, por isso, ideal para o surf, sobretudo para quem se inicia na prática. Dali avista-se a chaminé em tijolos vermelhos dos Engenhos do Norte, onde se produz o rum agrícola (ingrediente essencial nas ponchas), que mantém a maquinaria do nal do século XIX e testemunha a importância do cultivo da cana-de-açúcar na Madeira. Mais recente é a história dos vinhos de mesa, e, para a conhecer, há que saltar para a freguesia de São Vicente, onde está instalada a maioria dos produtores, como a Quinta do Barbusano, que utiliza no logótipo uma imagem da icónica vizinha Capela Nossa Senhora de Fátima. As vinhas dispostas em socalcos (ou poios, como aqui são conhecidos), sobretudo da casta Verdelho, marcam a paisagem, e o enoturismo vai em crescendo, com provas e degustações em algumas casas.
Localizada sobretudo na vertente norte, entre os 300 e os 1 300 metros de altitude, está também a laurissilva, a ¦oresta consagrada como Património Mundial Natural da UNESCO. Um dos pontos mais acessíveis é o parque ¦orestal do Chão dos Louros, igualmente no vale de São Vicente, com magnícos exemplares de árvores endémicas. Mas o mais emblemático é, provavelmente, o Fanal, já em Porto Moniz, com o bosque de tis centenários, classicado pelo Parque Natural da Madeira como Reserva de Repouso e Silêncio. Neste concelho, o complexo das piscinas naturais, formadas pelas rochas vulcânicas, é outro dos postais turísticos a não falhar. J.L.
— DORMIR
Hotel Quinta do Furão
No topo de uma falésia, este quatro estrelas insere-se numa antiga quinta de cinco hectares. Tem restaurante de gastronomia tradicional. Estr. da Quinta do Furão, 6, Santana > T. 291 570 100 > a partir de €190
— COMER
A Pipa
Uma das referências gastronómicas de Porto da Cruz, graças a especialidades como as lapas, as lulas e o atum. R. Dr. João Abel de Freitas, Porto da Cruz > T. 96 852 7400