A Covid-19 deu-nos cabo da cabeça
Os impactos na saúde mental no local do trabalho foram tremendos
A agência europeia para a segurança e a saúde no trabalho divulgou um relatório sobre o impacto da Covid-19 no local de trabalho e concluiu o que muitos de nós já sentíamos: a saúde mental piorou com a pandemia. O primeiro indicador reportado é um aumento do stresse, seguindose a maior exposição a fatores de risco, trazida pela “digitalização” da vida laboral nas aplicações como o WhatsApp ou o Teams. Essa exposição, prolongada, aos fatores de risco provoca um aumento de depressões, ansiedade e burnouts. Embora o relatório sublinhe que a saúde mental no local de trabalho dos europeus já não era a ideal antes da pandemia, a Covid-19 veio agravá-la, não só pelo excesso de trabalho mas também porque os trabalhadores se sentiram afastados das tomadas de decisão que os envolvia e com menos influência no seu emprego. Acresce a isso a falta de suporte dos colegas e a insegurança de que o seu posto de trabalho poderia estar em risco.
Quase metade dos europeus (46%) afirma que foi mais pressionado com maior carga de trabalho durante a pandemia; 37% reportam um cansaço geral e 27% sintomas de depressão, ansiedade e stresse. Por outro lado, 50% têm medo de revelar a sua condição, sentindo que fazendo-o poderiam estar a prejudicar a carreira por causa do estigma. Já a outra metade considera que a pandemia até veio facilitar a compreensão e a abertura para falar de saúde mental.
No relatório, mais de 30% dos portugueses afirmaram ter sentido um enfraquecimento da saúde mental durante 2022 – já no que diz respeito ao stresse, quase 50% dizem que estiveram mais sujeitos a ele. Por outro lado, o regresso aos escritórios, sublinha ainda o relatório, não melhorou a situação – um regresso desorganizado, em que foram reportados altos níveis de ansiedade.