Existe um gene da velocidade?
A genética pode ter influência no desempenho desportivo
Haverá um gene que nos faz correr mais depressa e que melhora o nosso desempenho desportivo? Há muito que os cientistas tentam encontrá-lo. Mas, tal como acontece com o “gene da inteligência”, o fenómeno é tão complexo que não se resume a apenas um gene. Investigadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, analisaram milhares de genes do ADN de 45 britânicos, entre os 20 e os 40 anos, que, durante 30 minutos, ao longo de oito semanas, três vezes por semana, fizeram treinos de corrida. A equipa encontrou 19 genes específicos que “insistiam em aparecer – todos relacionados com algum tipo de variável de condicionamento” cardiorrespiratório. “As pessoas que melhoraram [o condicionamento] em cerca de 20% tinham todos esses 19 genes positivos, enquanto as pessoas que não melhoraram tanto tinham apenas um ou dois”, explicou Henry Chung, que orientou o estudo. Dentro desse grupo de quase 20 genes, a equipa identificou o monoamina oxidase A (MAOA), conhecido como “guerreiro”, associado à agressividade e aos comportamentos de risco. “O gene guerreiro permite acionar o instinto de sobrevivência, dizendo-lhe ‘preciso de correr, preciso de me mexer”, acrescenta o investigador.
A Ciência tem concluído que existe influência da genética na capacidade de corrida, com várias caraterísticas a serem associadas à aptidão física e ao desempenho atlético, tais como musculares – variações genéticas podem afetar a composição muscular, como a proporção de fibras musculares de contração rápida e lenta, influenciando a resistência e a velocidade –, a capacidade cardiovascular ou o metabolismo. Também certas predisposições genéticas podem estar relacionadas com a suscetibilidade a lesões ou à capacidade de recuperação após o exercício físico.