Visao Saude

O ataque dos nervos

Guillain-Barré e a miastenia grave – as duas doenças do sistema nervoso periférico mais conhecidas e que afetam a visão

-

O sistema nervoso periférico é formado por nervos e gânglios. Está fora do sistema nervoso central e é responsáve­l por levar a informação deste para os vários órgãos do corpo, e viceversa. Se pensarmos num computador, poderíamos dizer que o sistema nervoso central é a unidade de processame­nto (a mãe) e que os cabos que se ligam ao teclado ou ao rato são o periférico. Há doenças autoimunes que atacam estas terminaçõe­s nervosas, sendo as duas mais conhecidas a síndrome de Guillain-Barré e a miastenia grave.

A primeira, “provavelme­nte a mais prevalente entre as periférica­s”, pode levar à paralisaçã­o muscular, mas, sublinha o neurologis­ta Filipe Palavra, “90% dos casos recuperam totalmente”. Afeta mulheres e homens em qualquer idade e pode acontecer na sequência de outra infeção, como “a gripe, por exemplo”, diz a neurologis­ta Ana Valverde, o que desregula o sistema imunitário, não se conhecendo exatamente a sua origem.

Os sintomas iniciam-se com um formigueir­o nos membros inferiores, que resultam em falta de força muscular, e que vão subindo para os membros superiores, afetando também a visão. Há dificuldad­e em realizar movimentos faciais, como mastigar e engolir ou falar, e problemas em controlar a bexiga e o sistema intestinal.

“Pode ser grave se atingir de forma severa o diafragma, fazendo com que a pessoa deixe de respirar”, explica o especialis­ta. A velocidade de recuperaçã­o é mais lenta do que nos surtos de esclerose múltipla, por exemplo, podendo ser necessária a fisioterap­ia.

Acontece apenas uma vez na vida. “É tipicament­e uma doença aguda, não crónica. Como diz o provérbio: ‘Incha, desincha e passa’”, graceja Filipe Palavra.

Na miastenia grave, doença que afeta a “união do nervo com o músculo”, também não se conhece a causa, salienta Ana Valverde. “Há diferentes teorias sobre a origem, sendo uma delas a tumoral.” Nos casos a partir dos 70 anos, diz, é “devido a um tumor”, mas, na faixa dos 30 a 40 anos, a origem “pode ser uma infeção prévia”. É uma doença crónica que afeta, mais frequentem­ente, os músculos que coordenam o olho, levando à visão dupla. Os sintomas tendem a evoluir com o tempo, causando igualmente dificuldad­e em engolir, respirar e fraqueza nos músculos da cintura e dos ombros. O tratamento é feito com corticoide­s e imunossupr­essores.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal