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Uma área “menorizada”

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Ao contrário do que se passa noutros países, em Portugal a cirurgia da mão não é uma especialid­ade médica autónoma, com um programa de formação específico, mas uma área de conhecimen­to partilhada pela Cirurgia Plástica e pela Ortopedia, ou seja: “existem alguns cirurgiões plásticos e alguns ortopedist­as que se interessar­am e fizeram formação, estando assim mais diferencia­dos e dedicados à cirurgia da mão”, explica o presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Mão (SPOCMA), Horácio Zenha.

Esta realidade torna ainda mais difícil a obtenção, ao nível do SNS, de números objetivos relativos especifica­mente à cirurgia da mão. “A lista de espera da mão está misturada com os números de outras patologias, quer da cirurgia plástica quer da ortopedia”, nota Horário Zenha. Ainda assim, garante: “É possível afirmar que as listas de espera destas duas especialid­ades médicas são particular­mente grandes e a resposta insuficien­te.” Especifica­ndo, adianta que numa cirurgia à mão “dita normal, causada, por exemplo, por uma doença degenerati­va, a espera é de cerca de seis meses, enquanto um caso prioritári­o pode demorar um a dois meses”.

Neste momento, a SPOCMA, que periodicam­ente promove ações de formação e de intercâmbi­o entre profission­ais, congrega a larga maioria dos cirurgiões da mão em Portugal (atualmente conta com cerca 140 associados), com o total de médicos a rondar as duas centenas, um número insuficien­te. No fundo, reconhece, “poderá existir alguma tendência para menorizar a patologia da mão”. É que, justifica, “apesar da importânci­a inegável das mãos nas nossas vidas, tradiciona­lmente, e como não se trata de uma estrutura vital no sentido-limite de risco de vida, não era uma área considerad­a prioritári­a”.

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