Bullying e ansiedade
A história de um jovem em reabilitação
Aos 20 anos, Miguel Dias sofreu um traumatismo cranioencefálico durante um jogo de râguebi, que afetou a sua fala e capacidade de memorização rápida e de perceber padrões. “Tentava focar-me noutras coisas e não conseguia”, conta o jovem, agora com 22 anos. Além disso, tinha dores muito fortes no pescoço e na cabeça, o que “afetava completamente” a sua vida.
Depois de ter passado por várias sessões de fisioterapia e de reabilitação cognitiva, começou a realizar terapia de exposição com realidade virtual. “Um boneco virtual informava-me de que devia relaxar, primeiro a cabeça, depois o tronco, até aos pés”, descreve o jovem, estudante de Ciências da Comunicação. “Comecei a deixar de ter tensões ao longo do corpo, cabeça, ombros e trapézio. Senti uma grande melhoria”, garante. Além disso, testava cenários com os óculos de realidade virtual para tratar a ansiedade generalizada. “Uma vez, experimentámos um cenário em que eu partilhava uma sala com pessoas que me estavam a fazer bullying, e esse foi um dos maiores desafios para mim, porque era uma das memórias do meu passado a que eu não me sentia confortável em voltar”, conta. “Durante cerca de um mês e meio, revisitámos essas memórias constantemente: estava sentado a falar para um professor e havia colegas a tratarem-me mal. Isto ajudou-me imenso a melhorar o meu comportamento e a não perder a paciência em situações reais da minha vida”, acrescenta. Toda a reabilitação, incluindo a terapia com realidade virtual, melhorou a sua vida no geral, garante Miguel. “Pode parecer um caminho muito longo, mas hoje em dia a minha memória está a funcionar a 100%”, remata.