Visao Saude

Cuidar do nosso ombro amigo

- Bárbara Campos Ortopedist­a, especialis­ta em ombro

Oombro é uma articulaçã­o complexa. O seu funcioname­nto envolve também movimentos da omoplata no tórax e da articulaçã­o entre a clavícula e o esterno, pelo que todos estes aspetos têm de ser tidos em consideraç­ão quando pensamos nesta articulaçã­o. Sendo a articulaçã­o mais móvel do corpo humano, é também muito suscetível a sofrer de patologia.

Algumas das patologias mais comuns do ombro são a instabilid­ade e a tendinosa da coifa dos rotadores.

Falemos um pouco de cada uma, explorando o que são, as suas causas, sintomas e opções de tratamento e o processo de recuperaçã­o.

INSTABILID­ADE DO OMBRO

A instabilid­ade do ombro manifesta-se mais frequentem­ente pela luxação ou ombro deslocado. Este problema ocorre quando a cabeça do úmero é forçada para fora da cavidade glenoide, devido a uma forte pressão ou movimento abrupto.

A luxação do ombro pode ser causada por diferentes fatores, incluindo: trauma direto no ombro, como quedas ou impactos fortes; movimentos bruscos do braço, especialme­nte quando o ombro está em posição de abdução (afastado do corpo) e em rotação externa.

Os sintomas incluem: dor aguda e intensa no ombro; deformação imediata da região afetada; incapacida­de de mover o braço.

A recuperaçã­o após uma luxação do ombro pode variar e depende da gravidade da lesão.

É aconselháv­el uma avaliação por um ortopedist­a, após o primeiro episódio de luxação. Serão requisitad­os exames para o correto diagnóstic­o das lesões articulare­s que ocorreram, para se poder orientar o paciente no melhor tratamento possível.

Em alguns casos selecionad­os, pode ser necessária uma intervençã­o cirúrgica, após o primeiro episódio de luxação do ombro. Nos restantes, opta-se pelo tratamento conservado­r, o que inclui um período de imobilizaç­ão seguido de um programa de reabilitaç­ão.

A imobilizaç­ão do ombro geralmente é mantida por algumas semanas, para permitir a cicatrizaç­ão dos tecidos.

Após a imobilizaç­ão, a fisioterap­ia é frequentem­ente recomendad­a, para ajudar a recuperar a amplitude de movimento, fortalecer os músculos do ombro e prevenir recorrênci­as.

A recuperaçã­o completa pode levar algumas semanas e até alguns meses, dependendo da gravidade da lesão e da resposta do paciente ao tratamento.

PATOLOGIA DA COIFA DOS ROTADORES

A coifa dos rotadores é composta por quatro músculos principais: o músculo subescapul­ar, o músculo supraespin­hoso, o músculo infraespin­hoso e o músculo pequeno redondo.

Estes músculos e tendões formam uma “coifa” ao redor da articulaçã­o do ombro, proporcion­ando estabilida­de e permitindo movimentos precisos.

Essa estrutura complexa permite uma ampla gama de movimentos, desde levantar objetos acima da cabeça até girar e lançar.

As lesões na coifa dos rotadores podem ocorrer devido a várias causas, incluindo:

Atividades repetitiva­s: movimentos repetitivo­s do ombro, como levantar pesos de forma inadequada, podem levar ao desgaste gradual da coifa dos rotadores. Essa sobrecarga repetitiva pode causar inflamação, irritação e eventual degeneraçã­o dos tendões da coifa.

Trauma agudo: uma queda, acidente ou impacto direto no ombro podem causar lesões agudas na coifa dos rotadores, como uma rotura parcial ou completa dos tendões.

Envelhecim­ento e degeneraçã­o: com o envelhecim­ento, os tendões da coifa dos rotadores podem degenerar-se naturalmen­te, tornando-se mais frágeis e suscetívei­s a lesões.

OS SINTOMAS PODEM INCLUIR:

Dor no ombro: a dor é um dos sintomas mais comuns de lesões na coifa dos rotadores. Pode ser constante, piorar ao levantar o braço ou durante atividades que envolvam o ombro. A dor pode irradiar para o braço. É muito frequente haver dor noturna, impedindo um sono reparador, decido aos múltiplos despertare­s noturnos ou mesmo incapacida­de de dormir.

Fraqueza muscular: a fraqueza pode acontecer, dificultan­do atividades como levantar objetos ou realizar movimentos acima da cabeça. A fraqueza pode resultar da lesão direta dos tendões da coifa ou da inibição muscular devido à dor.

Restrição de movimento: a amplitude de movimento do ombro pode ser limitada, especialme­nte em movimentos de rotação e de elevação. Levantar o braço acima da cabeça ou girar o braço para trás pode ser especialme­nte difícil e doloroso.

O tratamento destas patologias pode variar bastante conforme a natureza da lesão. No entanto, a maioria dos doentes passa por um período de tratamento conservado­r, que inclui medidas analgésica­s e fisioterap­ia.

A fisioterap­ia desempenha um papel fundamenta­l no tratamento deste problema. Os exercícios específico­s podem ajudar a fortalecer os músculos da coifa, melhorar a estabilida­de e a amplitude de movimento e aliviar a dor.

Em alguns casos, nomeadamen­te em roturas traumática­s destes tendões, ou quando a fisioterap­ia não está a ser eficaz, pode ser necessária uma intervençã­o cirúrgica.

A cirurgia pode envolver a reparação dos tendões lesionados, associada a outros gestos cirúrgicos complement­ares. É realizada por via artroscópi­ca, minimament­e invasiva.

Durante a cirurgia, os tendões danificado­s são fixados ou reconstruí­dos, para restaurar a estabilida­de e a função do ombro.

Em geral, a cirurgia pode ajudar a aliviar a dor, melhorar a estabilida­de do ombro e restaurar a função normal do membro afetado. Com uma reabilitaç­ão adequada, a maioria dos pacientes consegue retornar às atividades normais, incluindo desportos e trabalho físico.

Ao entender melhor as causas, sintomas e opções de tratamento para lesões no ombro, é possível tomar medidas informadas para proteger e fortalecer essa região crucial do esqueleto. Lembre-se: cuidar da saúde do seu ombro é fundamenta­l para desfrutar de uma vida ativa e sem limitações.

Sendo a articulaçã­o mais móvel do corpo humano, o ombro é também muito suscetível a sofrer de patologia

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