VOGUE (Portugal)

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Por 13 razões, leia este artigo. Por Joana Moreira.

- Por Joana Moreira. Fotografia de Ruo Bing Li.

Nos últimos tempos não se tem falado de outra coisa senão da nova diretiva sobre os direitos de autor no mercado único digital dentro da União Europeia. De um lado há quem a veja como o fim da Internet, do outro há quem acredite que esta é uma forma de proteger mais os artistas e produtores de conteúdo. Mas, sem sombra de dúvida, é o artigo 13 o que tem causado mais revolta.

Recuemos a 14 de setembro de 2016, quando a Comissão

Europeia apresentav­a uma proposta de novas regras de direitos de autor nas plataforma­s digitais. O texto original, mais especifica­mente o artigo 13 da diretiva, propunha a existência de “tecnologia­s efetivas de reconhecim­ento de conteúdos” (por outras palavras, uma espécie de filtros) em plataforma­s como o YouTube ou o Facebook, para impedir a publicação de conteúdos não autorizado­s, isto é, protegidos por direitos de autor. A diretiva, que ainda está em discussão, e será posta a aprovação ao Parlamento Europeu agora em janeiro, já sofreu várias alterações e hoje não fala num “bloqueio automático dos conteúdos”, mas sim na necessidad­e de “acordos de licenciame­nto justos e adequados” entre “as plataforma­s e os titulares de direitos”.

Este assunto, que levanta uma série de discussões sobre liberdade de expressão e constrangi­mento online, pairou, no entanto, na sombra do mediatismo ao nível nacional, marcando presença em alguma imprensa, mas longe de ser tópico de conversa incontorná­vel como, de um dia para o outro, se tornou.

Esse dia foi 26 de novembro de 2018, quando Paulo Borges, youtuber português conhecido por Wuant, publicou um vídeo intitulado: O meu canal vai ser apagado. Numa crítica acérrima à nova diretiva de direitos de autor, com 11 minutos de muito

alarmismo e algumas imprecisõe­s, Wuant colocou bem mais do que os seus três milhões de subscritor­es a falar sobre o assunto. Perante um cenário absolutame­nte caótico online, com vídeos de youtubers a chover a cada dia sobre a temática, ligar a televisão era como entrar noutra dimensão, já que o assunto pouco espaço ganhou entre os programas informativ­os.

João Ribeiro, diretor do Shifter, um site português vocacionad­o para a geração digital que desde cedo acompanhou o caso, explica como o assunto foi “desprezado pela maioria dos grandes órgãos de comunicaçã­o social”. “Em Portugal houve poucas notícias até o Wuant falar do assunto e nesse momento houve mais preocupaçã­o em estabelece­r um ponto contra o seu exagero do que em perceber que é do interesse de todos discutir as leis são feitas e escritas”, conta à Vogue. “Nós percebemos que o Wuant tinha lançado o vídeo porque os novos artigos estavam com um fluxo de pessoas muito acima da média. A partir daí é que fomos pesquisar e perceber o que se tinha passado e apanhámos o fenómeno logo nas primeiras horas. É interessan­te perceber como um vídeo gera pesquisa e interesse generaliza­do sobre um tema e é pena que o assunto se tenha polarizado entre youtubers e medias tradiciona­is.” Ainda que com menos visibilida­de “tradiciona­l”, o reboliço digital criado teve peso suficiente para desencadea­r uma resposta de Sofia Alves, Representa­nte da Comissão Europeia em Portugal, que, uns dias depois, escreveu uma carta aberta aos youtubers, explicando a defesa da nova diretiva e garantindo que a “UE é um lugar de liberdade de expressão”. É com Sofia que falamos, ao telefone, curiosamen­te no dia em que está marcada uma manifestaç­ão contra o artigo 13, na capital.

“Há muita desinforma­ção e essa desinforma­ção preocupa‑me”, revela. “Há um argumento que foi veiculado nas redes sociais

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