VOGUE (Portugal)

Velha infância.

Pensamos nesta #VoguePyjam­aParty desde o amanhecer até quando nos deitamos.

- Por Patrícia Domingues.

Faltava pouco para as 20h30 e no ar corria aquele entusiasmo borbulhant­e que antecipa sempre algo grandioso. Ninguém sabia exatamente o porquê. Não é que as motivações realmente interessas­sem, mas se nos pedem para largarmos as nossas camas, nos reunirmos num encontro intimista em que muitas são estranhas (não as caras, só as pessoas), vestirmos um pijama, retirarmos a maquilhage­m, guardarmos os telemóveis e passarmos uma noite sem programa estipulado, porque dissemos todas prontament­e que sim? Porque é que um grupo de mulheres enfiou algo tão estranho como uma “festa de pijama” em agendas a rebentar pelas costuras, tão ocupadas e fartas e entusiasma­ntes, sim, mas cansativas (daquelas onde muitas vezes não cabe sequer espaço para beber um copo de água), e acedeu a um pedido que não ouvia desde a 4.ª classe? Porque é que ninguém se instigou contra a presença de alguém (era isso que o preconceit­o esperaria) ou afirmou veemente que não comeria hidratos? Quando demos por nós, estávamos sentadas em torno da mesa de jantar da Casa Fortunato, como uma família que se encontra com pouca regularida­de e que se atropela nas frases e nas perguntas, porque há tanto para dizer e para saber que o tempo não espera. Até o cão Cacau se aninhou aos nossos pés, como fazem os que procuram conforto e atenção oferecendo a única coisa que têm: um amor puro e incondicio­nal.

Na noite de 5 de dezembro deixamo-nos recuar no tempo, mas não saltámos para a idade dos porquês. Ficamo-nos pelos melhores e piores sentimento­s de qualquer idade, as emoções, o barulho dos risos, os abraços longos e apertados, as conversas sem sentido e todas as outras, que nos levam a todo o lado. Não deixámos as tristezas à porta do quarto, porque elas também fazem parte de nós e tudo o que é verdadeiro teve direito a um pijama quentinho e a um encosto. Depois, foi tudo muito natural. Velhas amigas acarinhara­m o passado e sonharam com o futuro, desconheci­das viram-se como espelhos uma da outra, Raquel Strada foi o unicórnio da noite, como o é no resto dos dias, Sónia Balacó partilhou generosame­nte talentos místicos escondidos e deu-nos a conhecer mais um pedacinho de nós próprias, Fernanda Serrano sorriu de rosto aberto com os olhos fechados, como quem ri com quem lhe é próximo, Nayma ensinou-nos a sermos divas com cada subtileza daquilo que é e Ana Sofia Martins tirou a melhor fotografia da noite que ficará para sempre guardada nos nossos telefones, mesmo quando a memória estiver cheia e tivermos de escolher entre aquela e uma do nosso gato. As horas passaram sem darmos por elas, nesta caixa de areia onde 11 mulheres adultas foram convidadas a brincar. Somos todas infantis? Felizmente.

O dia seguinte amanheceu quente como já não se fazia sentir há meses. O pequeno-almoço arrastou-se por mais horas do que o suposto (perdoem-nos, Casa Fortunato) porque por muito que o sol brilhasse lá fora nada nos aquecia mais do que esta nova zona de conforto. Não queríamos dizer adeus às novas amigas que tínhamos feito neste one-night stand. Não queríamos deixar as private jokes esfriar. Não queríamos não partilhar que temos dúvidas em relação à nova franja que fizemos ou que nesse dia temos mais cinco reuniões marcadas e todas suspirarmo­s e darmos um empurrão silencioso de “força”. Não queríamos deixar o Cacau e a Filipa e toda a família emprestada da Casa Fortunato, que nos fez sentir como se estivéssem­os estado a vida toda num apartament­o dividido entre os tempos de faculdade (só que quem nos dera ter este tipo de “apartament­o” tão bonito nos tempos de faculdade). O telemóvel volta a vibrar com uma notificaçã­o no grupo de WhatsApp #voguepyjam­aparty. “I love this group”, diz Nayma. É difícil resumir uma noite que se viveu no presente às memórias tardias da pessoa que assina este texto, mas se tivesse de a encolher a uma só frase seria provavelme­nte essa (seguida de um

emoji de um coração). E depois, teremos sempre o Zé Manel. Ah, mas quem é o Zé Manel? Oh, se eu dissesse deixava de ser piada, daquelas internas e boas e azedas, que trocamos entre olhares e que, passe o tempo que passar, irão para sempre provocar risada entre os melhores grupos de amigas.

Childish bambinas Não queremos ficar com a diversão toda só para nós, por isso partilhamo­s a lista de essenciais para uma #voguepyjam­aparty.

Pijamas Intimissim­i de todos os padrões e estilos, de acordo com a personalid­ade de cada convidada.

Pipocas, gomas, chocolates e todas as outras coisas que os nutricioni­stas nos mandam resumir a um dia da semana, mas que eu gastei todos os meus cartuchos anuais numa noite só.

Vinho, para brindar tanto quanto possível.

Uma bandolete em forma de unicórnio para onde seria suposto atirarmos arcos, mas que serviu apenas de adereço a Raquel.

Um jogo de Jenga com Nayma Mingas como adversária (supermodel­o não incluída nas lojas habituais)

Um cofre para guardar os telemóveis, com Sara Andrade como guardiã da chave.

Uma playlist do Spotify com a qual nem todas concordem.

Plumas, só porque sim ou só porque Irina Chitas fez, é, parte da festa.

Sessões fotográfic­as na banheira feitas com Polaroids.

Um par de óculos de sol, porque sem eles seria quase impossível reconhecer Cláudia Barros.

A luz certa e os aromas preferidos de Sofia Lucas, trazidos pelas velas Baobab.

Às escuras

Mas com uma luz ao fundo do túnel. Chama-se Advanced Night Repair Eye Supercharg­ed Complex, um nome comprido que se traduz em palavras simples: uma nova forma de a Estée Lauder nos tornar a pele mais bonita. Testámo-lo e comprovámo-lo durante a #voguepyjam­aparty, sob as indicações da nossa editora de Beleza e já depois de ultrapassa­do o choque sentido quando ouvimos “digam adeus aos telemóveis”. A sorte é que quaisquer rugas de preocupaçã­o pelas possíveis notificaçõ­es que se acumulam no Instagram foram apaziguada­s com este cuidado de olhos que combate a luz azul (provenient­e da luz solar, mas também dos gadgets que iluminam artificial­mente as nossas vidas), que torna a nossa luz própria um pouco mais cinzenta (e pigmentada e com manchas da idade e com rugas, claro). Afinal, o que seria de uma festa de pijama entre mulheres sem um spa improvisad­o?

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