Tendência.
Tule, lençóis e neopreno? Comprar tecidos já não é a mesma coisa.
Estávamos na terceira década do século passado quando os ecrãs se abriam para Letty Lynton (Redimida, em português, se bem que a tradução, ao contrário do tule, nunca pegou) e para uma Joan Crawford poderosa, toda em branco, com umas mangas com tantos folhos que lhe afagavam o pescoço. Hoje, já não existem muitos momentos que alterem a Moda de forma irreversível e o que Crawford fez com aquele vestido de festa (que vendeu mais de 500 mil cópias) dificilmente terá repetição, mas, se os ventos de mudança já são mais brisas de verão, a memória é agora a maior arma do estilo. A estação quente é muito dela, dessa memória, e é muito também da brandura e da graciosidade que faltam na vida real, mas que há desmesuradamente dentro dos filmes, em cima dos palcos, nos corpos de todas as atrizes e bailarinas sem peso, cheias de ar e de amor. Então, não é de espantar que o tule nos vá ficando, estação após estação (e que fiquem também os atilhos nos sapatos, os bodies nos bustos, as fitas no cabelo), e que vá subindo também – das saias para as mangas, das mangas para autênticas coroas que emolduram o rosto e nos fazem uma prima ballerina a passear na rua e a ser levada por uma rajada de vento que chega por trás. É que é de trás que vêm as memórias e, se esse é o único movimento brusco de ar que temos hoje, que o inspiremos docemente.