O outro lado da Moda.
O que é que define um designer disruptivo? Quais são os segredos por trás do sucesso de um novo criador? Onde encontramos o significado e a diferença? Danilo Venturi, diretor da Polimoda, dá-nos as respostas.
Como é que se escreve o código genético de quem muda o mundo?
D o imaginário para as massas, a paixão de um jovem criador é cosida com um foco inabalável, um talento nutrido por aqueles que melhor conhecem o sistema e um mindset que deve privilegiar, mais do que nunca, a colaboração. Numa indústria tão exigente como a Moda, as novas vozes que todos os dias contribuem para um amanhã mais brilhante “devem estar focadas, devem estar preparadas, devem ter uma atitude colaborativa e devem ser gentis para com os outros, ao invés de serem competitivas só porque sim”, defende Danilo Venturi, diretor da escola italiana Polimoda, sobre as características que um estudante que integra a área precisa de ter para alcançar o sucesso no mundo profissional. “Um diploma da Polimoda é uma espécie de passaporte, porque a indústria conhece muito bem a escola, e confia no trabalho da nossa escola”, refere Danilo Venturi sobre os benefícios de integrar a escola italiana – um espaço que, para além de contar com uma série de mentores influentes na indústria, oferece diversos programas educacionais, incluindo um Mestrado em parceria com a Gucci. Todos estes fatores, como explica o diretor, contribuem para que os alunos “experienciem aquilo que é trabalhar no mundo profissional e, quando chegam à indústria, já sabem o que esperar”.
Numa indústria que valoriza não só a consciência e a colaboração, mas também a diferença e a vontade de fazer diferente, o que distingue um criador verdadeiramente disruptivo? “Penso que isso dependerá sempre de designer para designer”, confessa Danilo Venturi. “No entanto, aquilo que vejo hoje, na indústria, é uma falta de significado. A diferença que um produto e uma marca podem realmente ter no mercado de hoje não está no seu valor monetário ou na sua construção – apesar de isso ser, claro, importante –, mas antes na quantidade de pesquisa, criatividade e inspiração que é colocada no trabalho de design.” Para o diretor da Polimoda, o sucesso não está apenas na capacidade de construir uma peça de vestuário, mas também no nível de inovação, conteúdo e inspiração que um criador e uma marca conseguem oferecer – algo que, num mundo sem barreiras como o nosso, onde a informação flui à velocidade da luz, pode nem sempre ser fácil de encontrar. “Se olharmos para a história da Moda, alguns dos nomes mais influentes da indústria tiveram uma formação académica, mas outros, igualmente importantes, nunca integraram uma escola”, diz Danilo Venturi. “Não devia dizer isto, porque sou diretor de uma escola de Moda, mas nem sempre precisas de ter formação para trabalhares na indústria. A diferença é que, hoje, encontrares a tua voz é mais difícil. Existe mais liberdade, as pessoas têm mais possibilidades porque as barreiras e as ideologias foram quebradas, mas isso pode fazer com que te percas com mais facilidade – e é aí que a escola entra. Mais do que as habilidades técnicas, aquilo que dás aos teus alunos é uma ajuda na formação das suas personalidades. E assim que eles descobrem a sua personalidade e a sua voz, sabem o que querem fazer enquanto profissionais.” ●