Elsa Schiaparelli
A história de Elsa Schiaparelli é uma de muitas primeiras vezes. Nascida em Roma, numa família conservadora de aristocratas e intelectuais, Schiaparelli estudou Filosofia, escreveu um livro de poesia que deixou os pais enfurecidos, fugiu para Londres para se afastar de um pretendente russo, conheceu o marido na capital inglesa, mudou-se para Nova Iorque e, em 1922, voou para Paris, mãe solteira, depois de se divorciar. Foi aí que, em 1927, criou o primeiro pullover tricotado à mão com um laço trompel’oeil – e a popularidade foi tão monumental que a criadora teve que expandir a sua equipa para conseguir atender a todos os pedidos. Com a coleção de malhas a catapultar o sucesso, Schiaparelli foi a primeira a introduzir o vestido wrap eo vestido-tuxedo, bem como a primeira a usar fechos visíveis na Alta-Costura, tanto para fins decorativos como práticos; foi a precursora das culottes, do power suit e do hard chic; foi responsável por integrar um soutien num fato de banho, por criar o casaco de noite, por transformar meros botões em pequenas obras de arte, e por conceber a cor shocking pink. Mas, de todos os contributos que deixou, nenhum soou mais alto do que a sua visão colaborativa, visão essa que a levou a unir forças com alguns dos nomes mais sonantes da época. “Trabalhar com artistas como Bebè Bérard, Jean Cocteau, Salvador Dalí, Vertès, Van Dongen e fotógrafos como Hoyningen-Huene, Horst, Cecil Beaton e Man Ray proporcionava um sentimento de alegria”, escreveu Schiaparelli na sua autobiografia, Shocking Life.
“Uma pessoa sentia-se apoiada e compreendida para além da realidade crua e aborrecida de simplesmente criar um vestido para ser vendido.” Com Cocteau, Schiaparelli criou um casaco de seda totalmente decorado na parte de trás, com rosas nos ombros e o perfil de duas faces bordadas a fio dourado. Com Bérard, Schiaparelli criou três vestidos da coleção Astrologique, inspirados n’As Três Graças pintadas por Raphael. Com Dalí, Schiaparelli criou um chapéu em forma de sapato, um longo vestido em crepe de seda preto adornado com as formas de um esqueleto e outro em branco com uma lagosta pintada, e um compacto de maquilhagem que replicava a forma dos dígitos de um telefone. Quando olhamos para a Moda como uma forma de arte, parte de nós está a olhar para ela com a visão de Schiaparelli – a mulher que, como escreveu Meryle Secrest em Elsa Schiaparelli: A Biography, “levou o vestuário feminino de negócio a forma de arte”.