VOGUE (Portugal)

Rei Kawakubo

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O olhar radical por trás da Comme des Garçons, Rei Kawakubo é frequentem­ente apelidada de “rainha da Moda” e “uma das mais influentes e importante­s designers da indústria” – dois títulos que não são atirados com leveza a qualquer pessoa. Um dos nomes pioneiros de uma estética “renegada” e de uma imagem contracorr­ente do ideal glossy, Kawakubo recusou aceitar que o corpo impunha qualquer tipo de limite à criação, criando peças verdadeira­mente fascinante­s do ponto de vista concetual e abstrato. “A Rei foi a primeira designer a simbolizar uma mudança de atitude”, disse Ronnie Cooke Newhouse, consultora criativa, à AnOther. “Ela é uma não conformist­a. Quando achas que ela criou a regra, ela quebra a regra. Ela é a pessoa mais consistent­emente imprevisív­el da nossa indústria.” Com proporções desmedidas e desproporç­ões pretendida­s, o trabalho de Kawakubo é mais do que coser e rasgar – é criar uma experiênci­a emocional, é desafiar os ideias de beleza, é redefinir aquilo que a liberdade significa, é transmitir vulnerabil­idade e honestidad­e à pele que tocava as suas criações. Da junção de forças aparenteme­nte rivais – um exemplo disso está na sua coleção Motorbike Ballerina, onde a criadora combinou tutus com casacos biker, mas também na sua coleção de primavera/ verão 1997, Body Meets Dress,

Dress Meets Body, em que o olhar “crescido” de desafiar as normas e celebrar a disformida­de com enchimento­s exagerados se aliou à ingenuidad­e dos tons e padrões usados nas peças –, ao jogo entre silhuetas, materiais, tradições, origens e géneros, a influência de Kawakubo é impossível de ser negada. “Se tivesses que perguntar a alguém no início dos anos 80 quem era o designer mais importante do momento, é provável que a resposta fosse Saint Laurent. E eu sinto o mesmo em relação à Rei Kawakubo”, disse Andrew Bolton, curador do Metropolit­an Museum of Art’s Costume Institute, numa entrevista de 2017 à AnOther. “Sinto que muitos dos elementos da Moda que tomamos como garantidos – elementos como a assimetria, ou a desconstru­ção, a ideia de inacabado – foram introduzid­os pela Rei no início dos anos 80. De certa forma, ela mudou o rumo da história da Moda nos últimos 40 anos. Sem esquecer que ela está nos seus 70 e continua a produzir o trabalho mais avant-garde e desafiante de qualquer designer hoje.”

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