VOGUE (Portugal)

Diogo Faro

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“Eu achei que era importante começar a falar sobre isto porque, a propósito de conversas com várias amigas minhas - algumas delas agora fazem parte do movimento -, eu comecei a compreende­r o que é que as mulheres passam realmente. Porque para mim, e para a maior parte dos homens, é-nos difícil perceber porque é que um piropo incomoda tanto. Eu entro no autocarro ou no metro sem nunca me passar pela cabeça que alguém me irá apalpar. Eu nunca na vida me tinha apercebido que as mulheres vivem com isto constantem­ente. As mulheres têm de ir de um sítio ao outro com as chaves de casa na mão, ou a fazer aquele telefonema ao namorado às vezes nem têm namorado mas fazem o telefonema a fingir - e nós, homens, nunca passámos por isso. Foram precisas muitas conversas com as minhas amigas e a minha família para eu entender isto. Entender que odiava passar por umas obras e ouvir estas merdas. Foi por isso que achei importante assumir-me como feminista, e como “lutador” pela igualdade de género. O nosso Movimento, entre várias caracterís­ticas, tem algumas muito importante­s: nós não temos solução para este problema complexo que é a igualdade de género, nós queremos contribuir, queremos gerar discussão, queremos debater, queremos ir a mais universida­des e escolas, mas não temos certezas. Nós queremos fomentar o diálogo e encontrar soluções em conjunto. Somos um movimento inclusivo, não queremos acusar ninguém, porque já todos fizemos coisas erradas, todos, homens e mulheres.”

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