VOGUE (Portugal)

Wild, connected & free.

- Fotografia de Branislav Simoncik. Realização de Anya Ziourova. Por Sara Andrade.

Sadie Sink já não é uma estranha. Mostramos o outro lado da atriz que faz de Max em Stranger Things.

Realização de Anya Ziourova.

O clã Young Hollywood está cada vez mais jovem. Mas também está cada vez mais ligado - no caso de Sadie Sink, não particular­mente à Internet, mas ao mundo, à solidaried­ade, ao que interessa. Crescer e aparecer é coisa do passado: crescer e ser maior é o mote de uma nova geração e a atriz de Stranger Things é um dos seus exemplos.

Os 17, feitos este ano, parecem redutores para uma cabeça que vai além da sua idade. Ponderada nas respostas e pouco adolescent­e no que ao clichê diz respeito, Sadie Sink - que interpreta Maxine Mayfield desde a segunda temporada de Stranger Things e por lá continua, agora que chega a season 3 - não é a típica jovem estadunide­nse que Hollywood fez questão de nos dar a conhecer ao longo dos anos. Esqueça os exageros de uma Drew Barrymore nos anos 90, a típica girly girl que a Disney trouxe com Britney Spears e Hannah Montana, os ídolos pop demasiado cor-de-rosa regados a purpurinas: os novos - e cada vez mais precoces - jovens do grande e pequeno ecrã gostam de nomes como Nirvana e Pac-Man e são ativistas seja a causa grande ou pequena. Preocupada com o planeta, com os animais, com a alimentaçã­o, e com uma paixão pelo métier que tem pouco ou nada a ver com a fama que isso lhe traz, Sink pode bem ser o novo arquétipo de jovem atriz que o mundo precisa. Nascida no Texas, em 2002, tem três irmãos mais velhos e uma irmã mais nova e estas lides da representa­ção não são conquista recente, apesar da série da Netflix ter trazido um renovado reconhecim­ento à jovem: começou - atipicamen­te para um percurso do género - no teatro, com Annie (2012), e chegou a contracena­r com Helen Mirren na peça The Audience (2015).

Entre a televisão e o cinema, onde acumulou desde aparições pontuais a papéis de relevo e co-protagonis­tas de peso - em The Glass Castle (2017), contracena com Woody Harrelson -, Sadie tem construído um CV invejável até para atores com o dobro da sua idade e tempo na indústria. Aliás, a sua agenda confirma-o: numa janela limitada pelas entrevista­s e solicitaçõ­es a que tenta dar resposta, a Vogue voou até Nova Iorque para fotografar a teen e voltou com as palavras de uma jovem adulta que é mais que o estereótip­o que tendem a fazer da sua geração.

PS: Não, Sadie Sink não sabia andar de skate, apesar de

Max ser uma ávida skateboard­er - e de ter dito que sim quando, no casting, lhe perguntara­m se sabia andar. Porque é que lhe estamos a contar isto? Acredite, a pergunta vai surgir na sua mente no decorrer desta entrevista.

O tema desta edição é connected. O que significa para ti o termo? Sentes que se aplica à tua geração? Em que sentido? Acho que podes estar connected - ou ligada - no sentido em que tens uma presença online forte, mas também pode significar o contrário. Podes estar ligada ao mundo e em sintonia com o que te rodeia em vez de colada ao telefone o tempo todo. Diria que sou mais connected ou ligada na medida em que gosto de viver no momento e apreciar o que está à minha volta. Sinto

-me um pouco diferente da maioria da minha geração quando digo isto. A maioria das pessoas da minha idade gosta de estar nas redes sociais - e eu também, mas sou menos preocupada com a minha presença online que a média dos adolescent­es.

O facto de estar na série impulsiono­u-me a estar mais nas plataforma­s sociais para que possa interagir com os meus fãs através da rede, mas ainda assim, quase nunca estou online.

Se tivesses de apagar todas as apps exceto uma, qual manterias e porquê? Nunca fui muito ativa nas redes sociais.

São importante­s para chegar aos fãs, mas também sinto que as pessoas se deixam envolver demasiado no mundo do Instagram e do Twitter. Há uma série de coisas fantástica­s em social media, mas há também um lado negativo. Se tivesse de manter apenas uma app, seria o Google Maps. É a que uso mais e diria que é a mais prática. Ajuda imenso.

A ideia do connected é muito mais que estar ligada digitalmen­te. É sobre conectar-se com amigos e família, mas também com os problemas do mundo, dos dias que correm, temas que nos interessam, independen­temente da sua dimensão. Quais são as causas e as questões que mais te tocam? Este é um dos maiores benefícios do social media. As pessoas estão muito mais atentas e envolvidas com os eventos do quotidiano em todo o planeta. Felizmente, fui abençoada com uma plataforma que espero poder usar para inspirar outros.

Se vou usar redes sociais, mais vale fazê-lo em prol do apoio a uma causa que gosto e da divulgação da mensagem. Adoro animais e faço o que posso para apoiar abrigos locais, bem como encorajar os fãs a tornarem-se vegetarian­os ou até vegan.

Sim, vejo que apoias o Pet Rescue em Nova Iorque.

Podes falar-nos um pouco disso? New York Pet Rescue é uma das minhas instituiçõ­es favoritas em Nova Iorque. É uma organizaçã­o sem fins lucrativos que funciona com a ajuda de voluntário­s e que se esforça por resgatar animais e encontrar a melhor casa possível para eles. É extremamen­te importante apoiar fundações pequenas e locais como a Pet Rescue. Estou constantem­ente a aceder ao website deles para ver os animais que têm para adoção. Adorava adotá-los a todos, mas a minha mãe diz que já não podemos ter mais animais de estimação.

Por falar em causas e animais, sei que és vegan. Com que idade aderiste ao veganismo e o que te fez tomar essa decisão?

Tinha 14 quando me tornei vegan. Era vegetarian­a antes, por isso a transição não foi muito difícil. Apesar de ser já vegetarian­a, queria fazer tudo o que pudesse pelos animais e pelo meio ambiente.

Ainda no âmbito das causas, quais achas que são as questões com as quais a tua geração mais tem de lidar? O que achas que é mais fácil e o que achas que é mais difícil quando se cresce no mundo de hoje, comparando, por exemplo, com a geração dos teus pais? Acho que a minha geração tem uma série de novos e diferentes desafios. Com as redes sociais, alguns miúdos sofrem com o cyberbully­ing bem como com a comparação constante com o que veem online.

Também sinto a pressão que recai sobre esta geração em relação à

performanc­e na escola, parece-me que aumentou drasticame­nte.

Sei que os meus pais sentem que os trabalhos de casa de hoje são bem mais exigentes que os que tiveram no liceu. Começaste neste meio da televisão e cinema muito cedo.

Era algo que já querias? Representa­r sempre foi uma paixão.

Foi totalmente uma decisão minha entrar na indústria. Uma das coisas que mais adoro nos miúdos do Stranger Things é que somos atores por vontade própria. Entrámos no negócio de forma independen­te, com o apoio das nossas famílias, e fomos capazes de conseguir algum sucesso na área graças à nossa paixão e foco.

O que é que a representa­ção tem que te faz gostar tanto desta profissão? Adoro contar histórias e ser outra pessoa, por um tempo. É divertido. Pode ser desafiante por vezes, mas adoro como aprendo algo novo no set todos os dias. Consigo ver-me a crescer, enquanto atriz, de projeto em projeto nos quais me envolvo. Entraste na segunda temporada de Stranger Things e juntaste-te ao elenco quando já era uma série de culto. O que sentiste quanto soubeste que ias integrar a série? O que te entusiasmo­u mais? E como foi a tua reação exata à notícia - gritaste, choraste? Não chorei, mas definitiva­mente fiquei em choque. Assim que recebi o telefonema, soube que a minha vida ia mudar drasticame­nte. Foi tão excitante, no entanto. Acho que o que mais me entusiasmo­u foi a personagem. Eu adoro a Max e estava entusiasma­da por lhe dar vida.

E agora, olhando para trás, o que te surpreende­u mais nos bastidores da série? Nada me surpreende­u porque, na verdade, não fazia ideia do que esperar. Só me lembro de me divertir imenso naqueles primeiros dias de filmagem. Achei que ia ser mais intenso, por ser a nova miúda no set, mas o Matt [Duffer] e o Ross [Duffer] - os criadores da série -, foram tão acolhedore­s e trataram-me como a qualquer um dos outros miúdos.

Stranger Things tem uma estética inspirada nos anos 80, o que tem alguma graça, porque os atores dos papéis principais nem sequer eram nascidos, na época. Achas que há um interesse renovado neste tipo de “clássicos”, no vintage, etc? Gostas deste género de referência­s ao séc. XX? O estilo dos anos 80 é muito interessan­te. Eu gosto de muitas das tendências, como as calças de cintura subida.

Também adoro as cores. Acho que as gerações mais jovens têm este fascínio pela moda e tecnologia do passado. Câmaras instantâne­as, gira-discos e roupa vintage é agora cool e atual.

Este não é, de todo, o teu primeiro papel de relevo - já trabalhast­e com diversos nomes estabeleci­dos. O que aprendeste com eles que levas sempre contigo para os novos papéis? A maioria das pessoas conhece-me do Stranger Things, mas eu trabalho neste meio desde os 7 anos. Trabalhei com a

Helen Mirren no meu segundo show na Broadway e ela foi incrível. Não só é uma atriz fantástica como é genuinamen­te uma pessoa generosa. Ela tornou a experiênci­a espetacula­r para toda a gente.

Em termos de futuros projetos, o que te vês a fazer daqui a 10 anos? Tens algum sonho em particular?

Adorava fazer mais teatro. Comecei a sentir algumas saudades disso. Não tenho assim nenhum projeto específico em vista, sei que os trabalhos certos virão ter comigo.

Há muitas atrizes que são também modelos e cantoras e, claro, influencer­s… achas que há uma pressão acrescida, hoje em dia, para se fazer cada vez mais, ser mais do que uma coisa, sob pena de parecer que estás aquém do teu potencial?

De todo! Acho que devíamos todos cingir-nos ao que mais nos apaixona. Ninguém devia sentir a pressão de perseguir múltiplos campos só para correspond­er a essa noção desajustad­a de sucesso. Acho que há muita pressão nas celebridad­es para que tenham uma forte presença nas redes sociais, mas eu sei que há imensos atores que escolhem não ter conta em qualquer plataforma que seja. Isso não quer dizer que não estejam a usar o seu estatuto em prol de outros. Há diversos atores que fazem imenso por instituiçõ­es de solidaried­ade e movimentos sem terem uma presença digital.

Que tipo de filmes gostas? Qual é o teu favorito? O meu preferido, neste momento, é o Booksmart. Eu vejo praticamen­te tudo, mas não sou grande fã de filmes de terror ou de ação.

O que tens sempre na mão - sem ser o telemóvel? Eu, na verdade, quase nunca tenho o telemóvel na mão. A maioria das vezes, está sem bateria ou não sei onde o pus. Diria que tenho sempre a minha garrafa de água, acho. Isso ou um matcha latte.

Gostas de ser reconhecid­a na rua e de ser abordada por fãs? Ou é algo que te incomoda? Agora, já não me importo.

Ao início ficava muito ansiosa quando me abordavam, ainda fico quando há muitas pessoas à minha volta. Já estou mais habituada, mas acho que não sou assim muito reconhecid­a na rua, consigo passear pela cidade e andar de metro sempre que quero. Os nova-iorquinos não querem saber, na verdade.

O que gostarias que os jornalista­s te perguntass­em mas que nunca perguntam? Gostava que mais jornalista­s me perguntass­em sobre a vida fora da série. Alguns fazem-no, mas acho que às vezes a imprensa se esquece que todos os miúdos na série são adolescent­es normais em vários sentidos. Ainda estamos na escola e muitos de nós pensam na Universida­de. Ainda lidamos com as dificuldad­es de crescer, mas neste caso, crescemos com o mundo de olhos postos em nós.

E o que detestas que te perguntem (além desta questão)?

Não odeio necessaria­mente que me perguntem o que quer que seja, mas há uma questão que tenho de responder constantem­ente e agora já se torna aborrecido. Perguntam-me sempre se sabia andar de skate antes da série. Ao início era uma boa pergunta, mas depois de me começarem a perguntar em todas as entrevista­s tornou-se cansativo. Mas faz parte. ●

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 ??  ?? Colete em denim, ALBERTA FERRETTi. T-shirt em algodão, FRAME. Calças em algodão, DEREK LAM. Pulseiras em acrílico, ALISON LOU.
Colete em denim, ALBERTA FERRETTi. T-shirt em algodão, FRAME. Calças em algodão, DEREK LAM. Pulseiras em acrílico, ALISON LOU.
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 ??  ?? Blusão em denim, OFF-WHITE. T-shirt em malha de algodão, REPLICA LOS ANGELES. Chapéu em feltro de lã, GLADYS TAMEZ.
Na página ao lado: Parka em nylon refletor, SUBTERRANE­I. Camisola em malha de algodão, JOOSTRICOT. Calças em denim, CLOSED.
Blusão em denim, OFF-WHITE. T-shirt em malha de algodão, REPLICA LOS ANGELES. Chapéu em feltro de lã, GLADYS TAMEZ. Na página ao lado: Parka em nylon refletor, SUBTERRANE­I. Camisola em malha de algodão, JOOSTRICOT. Calças em denim, CLOSED.
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T-shirt em malha de algodão, YEAR OF OURS. Top em denim, MARISSA WEBB. Calças em jersey de seda, DANIELLE GUIZO.
Colete em denim, ALBERTA FERRETTI. T-shirt em algodão, FRAME. Na página ao lado: blusão em denim, OFF-WHITE. T-shirt em malha de algodão, YEAR OF OURS. Top em denim, MARISSA WEBB. Calças em jersey de seda, DANIELLE GUIZO.
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Colete em denim, ALBERTA FERRETTI.
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 ??  ?? Camisola em malha de algodão, JOOSTRICOT. Calças em denim, CLOSED. Na página ao lado: sweatshirt em algodão, COLLINA STRADA. Calças em denim, MARISSA WEBB. Óculos em acrílico e metal, QUAY. Botas em pele, ARIAT.
Camisola em malha de algodão, JOOSTRICOT. Calças em denim, CLOSED. Na página ao lado: sweatshirt em algodão, COLLINA STRADA. Calças em denim, MARISSA WEBB. Óculos em acrílico e metal, QUAY. Botas em pele, ARIAT.
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Blusão em denim, OFF-WHITE. T-shirt em malha de algodão, REPLICA LOS ANGELES. Chapéu em feltro de lã, GLADYS TAMEZ. Botas em pele, ARIAT. Na página ao lado: parka em nylon, SUBTERRANE­I. Óculos em acrílico, GUCCI.
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