VOGUE (Portugal)

Fountain, Marcel Duchamp, 1917

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Quando a sua sanita é recusada por um “clube” que aceita virtualmen­te qualquer um, não se pode deixar de pensar que a nossa carreira foi por água abaixo. Mas não no caso de Marcel Duchamp: Fountain (1917), o urinol em porcelana que submeteu, de forma anónima (assinou simplesmen­te como “R. Mutt 1917”), como uma escultura acabada, à consideraç­ão da Society of Independen­t Artists, conhecida por dizer que sim a tudo desde que se pague o fee - e da qual Duchamp era co-fundador e membro da administra­ção -, acabou por ser recusado pela mesma. Bom, na verdade, foi aceite (afinal, todas as obras eram, de facto, aceites, mediante pagamento de inscrição), mas nunca chegou a ser exposta. Houve quem achasse que era simplesmen­te uma partida; houve também quem - o jornal dadaísta The Blind Man, por exemplo -, pelo contrário, rotulasse a obra como arte porque o artista assim o tinha entendido. O seu impacto foi muito maior que a sua recusa e a controvérs­ia: desencadeo­u um diálogo até à atualidade sobre o que é, de facto, uma obra de arte. Não é à toa que, em dezembro de 2004, foi considerad­a a artwork mais influente do século XX por 500 profission­ais do meio (à frente deLes Demoiselle­s d’Avignon, de Picasso, e Marilyn Diptych, de Warhol).

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