Pantone 13-1904 TPX Chalk Pink
Não se trata de uma verdade incontestável, mas de uma afirmação insustentável: descontando o azul dos blues, não há, na música, cor tão celebrada quanto o cor-de-rosa.
Comecemos pelas bandas e artistas. Temos obviamente Pink, herself – e mais cor-de-rosa que isto é francamente difícil –, e os incontornáveis, os lendários, os imensuráveis Pink Floyd. Muito menos conhecidos e muito mais efémeros que os anteriores, surgem os Pink Project, projeto one hit wonder cuja vida durou entre 1982 e 1983. A passagem fugaz deste coletivo disco-techno italiano não foi, no entanto, irrelevante: o álbum Domino é uma pequena relíquia, uma cápsula do tempo que merece audição cuidada. O cor-de-rosa, esse, estendeu-se por bandas e estilos, dos obscuros The Pink Dream aos provocadores eletrónicos Pink Filth, passando pela dupla japonesa de j-pop do final dos anos 70 Pink Lady, ou pelo duo inglês de synth-pop Vicious Pink. Ah, e os White Hole, apesar da cor primordial do nome da banda, não se coibiram de lançar o Pink Album, em 2004. Se o pink surge com tanta abundância nos nomes das bandas, não precisamos de pensar muito para ter uma vaga ideia do que acontece com os títulos de músicas. Pink, dos Aerosmith (Nine Lives, 1997) – “Pink, it was love at first sight... Yeah, pink, when I turn out the light”, you’re welcome –; Sink the Pink, dos AC/DC (Fly on the Wall, 1985), em cujo vídeo surge um pink Cadillac com a matrícula SUZY-CUE; Pink Cadillac, de Bruce Springsteen (Dancing in the Dark, 1984), em cujo vídeo também surge, não inesperadamnte, outro pink Cadillac; ou Pretty in Pink, dos Psychadelic Furs (Talk Talk Talk, 1981). Este caminho é virtualmente infinito: os Cake têm a sua Pretty Pink Ribbon (Comfort Eagle, 2001), enquanto Tori Amos compôs Pink and Glitter (Midwinter Graces, 2009) e Ben Harper lançou Pink Balloon (Call It What It Is, 2016). Frank Ocean escreveu Pink + White (Blonde, 2016), os Weezer tocam Pink Triangle (Pinkerton, 1996) e o malogrado Nick Drake cantava Pink Moon no seu último álbum, com o mesmo título, em 1972. Mas nem todo o cor-de-rosa é pink, e algumas canções têm títulos em bom português, mesmo que vindas do Brasil (O Diamante Cor-de-Rosa, de 1969, de Roberto Carlos, Cor de Rosa Choque, da enorme Rita Lee, de 1982, ou a mais recente A Cor é Rosa, de um nome da nova geração, Silva, de 2018). De Portugal, temos, por exemplo, Rosa Cor-de-Rosa, de Ana Moura (2007). Encerramos este segmento novamente em pink, com uma fabulosa criação de Henry Mancini: The Pink Panther Theme Song, de 1963. Falemos de capas de discos. É impressionante a quantidade de álbuns cujas capas são cor-de-rosa, pelo que fizemos uma restrita seleção segundo critérios duvidosos (ok, preferimos coisas insólitas).
Je t’aime… moi non plus, o single de Serge Gainsbourg e Jane Birkin lançado em 1969, é uma das mais icónicas capas cor-de-rosa, mas o que importa reter é o seguinte: Les Femmes Erotiques fizeram uma versão bizarramente dançável da canção original, e a capa também contém cor-de-rosa. De Espanha, chegam-nos Los Mustang, autores de impressionantes e imaculadas versões dos Beatles no mais cristalino castelhano. Cuando tenga sesenta y tres (When I'm Sixty-Four)/ Quiero contarte un secreto (Do You Want to Know a Secret), o single de 1981, tem capa cor-de-rosa. The Supremes puxam pelo cor-de-rosa em mais do que uma capa: o EP The Composer, de 1969, e o álbum The Supremes A' GoGo, dão o tom para as compilações posteriores The Supremes e More Hits By The Supremes / The Supremes Sing Holland-Dozier-Holland, ambas do ano 2000. Podíamos continuar a divagação, rumo ao infinito, mas preferimos fechar com uma capa genial – e muitíssimo cor-de-rosa –, a do EP Marry Me de uma banda com um nome absolutamente brilhante: Suburban Kids With Biblical Names.