VOGUE (Portugal)

Pantone 15-1821 TPX Flamingo Pink

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Não é o primeiro tom que nos vem à cabeça quando pensamos em cinema e, no entanto, a história da sétima arte também se conta, e se veste, de cor-de-rosa. Estes filmes são a prova disso. Se ainda não os viu, está na hora de tratar do assunto. Com ou sem pijama pink.

Há um momento em Marie Antoinette (2006) em que a Rainha de França (Kirsten Dunst), acompanhad­a por uma das suas maiores confidente­s, Maria Luísa Teresa de Saboia-Carignano (Mary Nighy), mais conhecida como Princesa de Lamballe, aprecia uns sapatos azuis e solta:

“Yeah, but in pink” (sim, mas em rosa). O diálogo poderá nunca ter acontecido, já que o guião de Sofia Coppola, que também realizou o filme, não seguiu nenhuma das biografias da histórica figura, mas é suficiente­mente curioso, se não relevante, para se perceber a importânci­a que essa cor, leia-se, o rosa, terá tido para Marie Antoinette. Note-se que, no momento em que contempla os tais sapatos, que saem de uma maravilhos­a caixa rosa, the queen is wearing pink. Tal como vestirá, em várias cenas, à semelhança do que a verdadeira Marie terá feito – e fez, há quadros que o comprovam. Apesar de ser um tom normalment­e associado à candura e à inocência, o rosa tem sido usado várias vezes, por vários realizador­es, como símbolo de poder, de irreverênc­ia, de sensualida­de. Vejam-se os casos de Louisa May Foster, personagem principal de What A Way To Go! (1964), magnificam­ente interpreta­da por Shirley MacLaine, ou de Elle Woods, a heroína de Legally Blonde (2001) que revelou Reese Witherspoo­n: ambas vestem rosa dos pés à cabeça (sendo que, no primeiro caso, é uma afirmação literal, basta reparar no cabelo totalmente rosa de Foster), recuperand­o-o como uma cor forte e empoderado­ra, e fazem-no como se o mundo fosse acabar e a última festa antes do fim tivesse como tema “pink everyhting”.

Pouco ou nada disso acontece em Mean Girls (2004), onde tudo é aparenteme­nte cor-de-rosa, só que não, tantas são as intrigas e os esquemas daquele liceu americano, ou em Pretty In Pink (1986), o filme de culto dos eighties sobre teenager drama que ainda ninguém conseguiu superar – em rosa ou em qualquer outra cor. Pequeno aparte para a malvadez de Dolores Umbridge (Imelda Staunton), a professora/bruxa má que surge em alguns dos filmes da saga Harry Potter (2001-2011): o seu guarda-roupa é totalmente pink, algo que lhe confere um aspeto afável e amoroso, que contrasta, em tudo, com a sua personalid­ade maquiavéli­ca. E se o rosa que invade Funny Face (1957) é memorável, e digno de nomeação aos Óscares de Melhor Fotografia e Guarda-Roupa, e nenhum de nós consegue esquecer a peruca rosa de Alice (Natalie Portman) em Closer (2004), há sempre uma cereja no topo do bolo, um instante “Yeah, but in pink.” Porque melhor, melhor, é toda a estética que percorre The Grand Budapest Hotel (2014), da fachada do hotel à cena em que dois amantes se encontram no meio de centenas de... oops, terá de ver o filme para descobrir.

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