Leonor Centeno,
Diretora de Projectos Especiais LightHouse
Uma das músicas da minha vida é MMMBop, dos Hanson, e a do genérico da série Marés Vivas. As minhas primas adolescentes, eu e os meus irmãos, uns bebés, passávamos as férias de verão todos juntos. As minhas primas ligavam a MTV na sala onde nós estávamos a brincar e apareciam os videoclipes dos Hanson. Nós crescemos com essas músicas. Lembro-me de estar no berço aos saltos a cantar MMMBop, sem sequer saber falar português corretamente. Num verão do início dos anos 90, a minha irmã magoou-se e começou a sangrar do nariz. Não parava de chorar por nada, até que surgiram os primeiros acordes de MMMBop, e de repente ela começou a rir. Sempre que ouço essa música volto a esses verões incríveis que passámos juntos e àquela vez em que nos perguntaram se pertencíamos a uma seita porque íamos todos com t-shirts dos Hanson. Essa era a altura em que Marés Vivas passava na televisão, e eu e os meus irmãos, ainda crianças, assistíamos aos episódios. Eu não conseguia acompanhar as legendas, mas adorava a música. Mais recentemente, quando fui viver sozinha para a Figueira da Foz, a banda sonora que me acompanhava era A Casinha e Semente, de Armandinho. Foram anos muito tranquilos e felizes, muito nessa vibe reggae. Outra música que fez parte dessa época é Chuva, de Mariza, foi uma das canções que tentei aprender a tocar na viola, e que por mais que insistisse nunca me saiu, mas que permanece uma das que me transporta para esses tempos incrivelmente felizes. Quando vivi em Angola, a música que ouvia e a música que ouvia em loop era Home, do Michael Bublé, enquanto desenhava aviões a aterrar em Portugal e a contar os dias que faltavam para regressar. Em Madrid, El Anillo, de Jennifer Lopez, Madre Tierra (Oye), de Chayanne, Robarte un Beso, de Carlos Vives e Sebastián Yatra, eram as músicas que as minha colegas de casa punham aos altos berros enquanto nos vestíamos e pintávamos para sairmos à noite. Não consigo escolher só uma música porque cada vida que vivo tem a sua banda sonora, e a minha playlist é uma salganhada de todos estes momentos.