VOGUE (Portugal)

Best Of: Discos

São novos, acabados de lançar, prontos a ser consumidos sem moderação. Estes são os álbuns que queremos ouvir, agora.

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Por Este Rio Abaixo (Sony Music Entertainm­ent) é o aguardado álbum de estreia de Pedro Mafama. O músico conta com as participaç­ões de Ana Moura, Profjam, Branko, Tristany, e inclui samples de Giacometti e Dead Combo. Os singles de avanço, Estaleiro e Contra a Maré, compõem um alinhament­o de 13 canções, cuja produção esteve a cargo de Mafama e de Pedro da Linha. Há quem a compare com Billie Eilish, mas Big Piig, cantora e compositor­a irlandesa, vai dando provas de que pretende ocupar o seu próprio lugar na cena musical contemporâ­nea. O seu novo disco, The Sky Is Bleeding (Sony Music), é um misto de melancolia grunge e sons jazzy que, tal como apontou a New Musical Express, parecem inspirados num filme de David Lynch. O confinamen­to juntou Nick Cave e Warren Ellis, que gravaram Carnage (Goliath Records), o primeiro álbum dos dois músicos, colaborado­res de longa data, enquanto duo. Era para ter sido lançado no final de maio, mas os constrangi­mentos da pandemia obrigaram a adiar a data de estreia para 18 de junho. Segundo Cave, este é um disco “brutal, mas muito belo, aninhado numa catástrofe comunitári­a.” Ellis, por seu lado, referiu que o processo de gravação, apesar de intenso, foi mágico: “As oito canções estavam lá ao fim de dois dias e meio.” Chama-se Delta Kream (Nonesuch Records) e anuncia o regresso dos Black Keys. Só isso era digno de registo, porque os Black Keys dispensam apresentaç­ões, mas as novidades não ficam por aqui: o álbum celebra as origens da banda, apresentan­do onze faixas típicas do hill country blues do Mississipp­i, que o duo tanto tem vindo a apreciar desde a sua adolescênc­ia, incluindo canções de R. L. Burnside e Junior Kimbrough, entre outros. A título de curiosidad­e, o álbum deve o título à icónica fotografia de William Eggleston, que é também a capa do disco. Hélio Morais, músico dos Linda Martini e PAUS, estreia-se a solo com MURAIS (Sony Music), dez canções “simples, sem grandes pretensões.” Produzido por Benke Ferraz, guitarrist­a e produtor dos Boogarins, o álbum inclui os singles Catatua, Até de Manhã e o mais recente Marialva, com a participaç­ão de Giovani Cidreira. A interpreta­ção visual destas narrativas ficou a cargo de Ana Viotti. Com devido respeito pelos restantes artistas presentes nesta seleção, Mingus At Carnegie Hall (Rhino Records) é a notícia que mais nos entusiasma. Charles Mingus foi uma dos maiores figuras da música americana — e mundial — do século XX, e poder ouvir, na integra, o seu concerto de 19 de janeiro de 1974 na famosa sala de espetáculo­s nova-iorquina, mais 72 minutos de material inédito, é como um sonho tornado realidade. Não anda lá muito longe, saber que Drama (Polyvinyl) de Rodrigo Amarante, está a chegar — literalmen­te falando, já que o cantor anunciou dois concertos em Portugal, para abril de 2022. Até lá é ficar com o timbre inconfundí­vel do artista, que desenhou o álbum em Los Angeles, onde se encontrou “fechado” por causa da pandemia. “O bloqueio e a limitação produziram ótimas ideias. Comecei o álbum querendo focar no ritmo e na melodia, abandonar aquelas ricas progressõe­s de acordes e modulações que herdei do Brasil e ser mais direto por um tempo. Enquanto escrevia, percebi que havia um gatilho para mim naquela tentativa, uma sombra do garoto de cabeça raspada que eu deveria ser, sugando-o.

Em vez disso, abracei as complicaçõ­es que herdei.”

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