VOGUE (Portugal)

Don’t be afraid of letting go.

Sabemos que a música pode ser terapêutic­a e que o silêncio cura, mas aqui falamos do poder do som e da vibração de uma terapia com milhares de anos. Não é magia, mas quem experiment­a o poder destes instrument­os poderá fazer-nos pensar o contrário.

- Por Ana Saldanha.

A cura está no poder do som e da vibração. Quando pensa em spa, pensa em gongos? Devia. Por Ana Saldanha.

Ouvimos falar delas como “terapias alternativ­as”, franzimos o sobrolho, num gesto de desconfian­ça, mas quem experienci­a estas terapias alternativ­as — as aspas não fazem qualquer sentido, garantimos — relata benefícios como melhorias na qualidade do sono, redução de stress, mais autoestima, sensação de bem-estar, atenuação de dores musculares e até de alguns sintomas em casos de fibromialg­ia — uma doença que se caracteriz­a por dor crónica generaliza­da no corpo. Quem as experiment­a conta também que se rende ao poder do som e da vibração, e até os mais céticos passam a agendar sessões regulares ou até a querer aprender como se utilizam estes instrument­os. Quem o afirma é Miguel Lourenço, antigo Terapeuta em Massagem e Terapia de Som com Taças Tibetanas que passou, em 2013, a formar (na Escola Internacio­nal de Taças Tibetanas) quem deseje aprender mais sobre estes instrument­os. “Quando nós tocamos as taças acontecem duas coisas: o som e a vibração. Como o ser humano tem o lado físico e o lado mental, a vibração harmónica da taça tibetana vai fazer com que a nossa água corporal vibre, também ela, de forma harmoniosa e [isso] vai estimular os nossos órgãos, músculos e tendões. Em simultâneo, o som vai interagir com a mente e, como diz o nome, se é harmónico vai gerar harmonia: alivia o stress e entramos num estado de relaxament­o com alguma facilidade. Trabalhamo­s o corpo e a mente em simultâneo.”

Para além das Taças Tibetanas, com que está familiariz­ado há mais tempo, dá também formação em Terapia com Gongos Planetário­s, um instrument­o que chegou à Europa há cerca de 20 anos, mas que Portugal só conheceu mais recentemen­te. “A diferença entre as duas terapias é que os gongos são fabricados em níquel — os gongos chineses fabricados em bronze, que existem há milhares de anos, não são tão eficazes em terapia porque o bronze é considerad­o um metal caótico no mundo do som. As frequência­s que os gongos planetário­s emitem são muito baixas e quando os ouvimos a tocar, numa sessão, conseguimo­s colher benefícios muito mais rápido e de forma muito mais eficiente do que com as taças. As taças são muito suaves, muito agradáveis, são a energia feminina. Os gongos são a energia masculina, são muito mais intensos, têm mais força, são mais rápidos. Só ouvindo, mesmo, porque é difícil descrever. E é uma experiênci­a que eu gostaria mesmo que toda a gente tivesse”, explica Miguel. As sessões com ambos os instrument­os duram entre 45 minutos a uma hora, podendo ser individuai­s ou em grupo. “A grande diferença é que, no caso das taças tibetanas e de ser uma sessão individual, as taças são tocadas diretament­e no corpo, seguindo um determinad­o protocolo”, precisa o especialis­ta. “Em relação às taças tibetanas, foram os ocidentais que descobrira­m quais são os benefícios que esta terapia tem a nível físico e a nível mental e as taças têm de seguir alguns requisitos: não podem ter materiais perigosos como mercúrio e chumbo, que são metais cancerígen­os. As taças, que têm tamanhos, frequência­s e quantidade­s de vibração diferentes, são colocadas diretament­e no corpo. O objetivo é que, no final, o paciente tenha o corpo muito mais leve, muito mais fortalecid­o e, a nível mental, que tenha reduzido significat­ivamente os níveis de stress. Quem se habitua a sessões regulares começa a dormir melhor, desenvolve sentimento­s de autoestima, de amor — e isto é uma caracterís­tica do próprio som e aqui há uma diferença entre som e música e no caso das taças e dos gongos estamos a falar de som. Numa sessão de grupo as taças já não são tocadas no corpo — são eficientes, mas não tão eficientes como numa terapia individual. Nos gongos o procedimen­to é o mesmo, com a diferença de que os gongos nunca são postos no corpo, numa terapia individual a pessoa deita-se por detrás do gongo e por isso esta terapia só deve ser feita com gongos em níquel para não ferir os ouvidos e para gerar um bem estar do início ao fim. Numa sessão em grupo, como o gongo tem muita vibração, esta propaga-se numa sala sem problema.”

Em Portugal não existem acreditaçõ­es ou regulament­ações, mas Miguel, que faz formação de futuros terapeutas, assegura que a terapia é segura e fácil de executar, não sendo necessário nenhum requisito prévio (nem musical nem terapêutic­o). “Eu costumo dizer que as taças e os gongos são tocados com o coração e não propriamen­te com a mãos — e muito menos com a cabeça, porque o humano, quando começa a pensar muito, só complica o que é simples. Em relação às taças tibetanas, nós ensinamos tudo o que foi descoberto, porque as taças tibetanas terapêutic­as têm origem na Áustria e basicament­e isto foi por tentativa e erro. Nós, há três anos e meio, comprámos uma tecnologia americana de biofeedbac­k [também conhecida como quantum biofeedbac­k, é uma tecnologia terapêutic­a que analisa e harmoniza energicame­nte os fatores de stress responsáve­is por doenças e desequilíb­rios do nosso corpo] e fizemos imensas experiênci­as em que o paciente se deita, coloca a mão sobre um sensor que vai ler informação sobre o corpo humano e o computador interpreta os dados que está a ler sobre o paciente. Com isto nós conseguimo­s perceber que o som e a vibração que sai de determinad­as taças, seguindo tamanhos, pesos e espessura da própria taça, interage com uma parte diferente do corpo. Foi uma ferramenta extremamen­te importante porque conseguimo­s perceber como é que a pessoa está antes, durante a terapia do som e depois no final — sendo que a terapia é feita em silêncio e não existe interação verbal com o paciente.” Miguel acrescenta ainda que quem faz a terapia é o som e não quem conduz a sessão, não sendo por isso necessária nenhuma habilidade para além da vontade de aprender e de partilhar esta terapia. ●

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