MUSIC SOUNDS BETTER IN CHANEL
Karl Lagerfeld sempre nos habituou mal. Quando o assunto era Chanel, desfile e Grand Palais, as boas surpresas — e os ainda melhores espectáculos — eram expectáveis. Já se antevia que um bom momento estaria para vir. Talvez por isso não tenha causado espanto por aí além o instante em que a cantora Lily Allen surgiu, literalmente, do chão campestre que servia de cenário ao desfile de apresentação da coleção primavera/verão 2010 da maison. A cantora britânica, que já havia emprestado o seu rosto à coleção de carteiras Coco Cocoon, dava agora música àquele, por si só, enorme espetáculo. Para Karl, ela simbolizava uma “modern girl from today” e fazia todo o sentido que estivesse ali, porque as suas roupas eram feitas para raparigas jovens e modernas. Sempre foi assim. Porque, com a Chanel, the show must go on, o rumo é o futuro. Em outubro de 2011, o kaiser voltou a surpreender tudo e todos. As propostas para o verão seguinte foram dadas a conhecer… no fundo do mar (não literalmente, mas o set era de tal forma magnífico que há quem tenha dúvidas se mergulhou, ou não, no mais profundo oceano) de onde surgiu a cantora Florence Welch, qual Vénus de Boticelli, numa gigantesca ostra branca que transportava qualquer cético para um universo paralelo. “Nada é mais moderno do que as formas que se podem encontrar no fundo do mar, as mesmas que contam com mil milhões de anos”, explicou, na época, o designer. A vocalista do grupo Florence and the Machine considerou que aquela tinha sido, até então, a mais “amazing venue” em que já tinha cantado. E nós não duvidamos, nem por um segundo, que assim seja.