SMELLS LIKE GRUNGE SPIRIT
Adolescentes dos anos 90, acusem-se. Ter sido um teenager naquela década, em matéria de Moda sublinhe-se, foi ou não foi fácil e libertador? Calças rasgadas, camisas de flanela estilo lumberjack, Doc Martens (os jovens de hoje que nos perdoem, mas não são assim tão modernos), t-shirts dos Nirvana, cabelo desgrenhado, madeixas de cor, roupa larga e de aspeto “velho”… Quando o tema é a instituição do grunge na história da Moda, não resta espaço para dúvidas: Kurt Cobain foi — e será sempre — o epicentro do grunge. O grande responsável por aquilo a que assistimos, ainda hoje, temporada sim, temporada não, em inúmeras passerelles. Com todo o respeito: Marc Jacobs, who? Hedi Slimane para a Saint Laurent, what? “Kurt Cobain era a antítese do macho americano”, escreveu Alex Frank, ex-editor da revista de música norte-americana The Fader. “Ele era um feminista declarado e confrontava a política do género na maioria das suas letras. Numa época em que uma silhueta body-conscious era o look por excelência, ele tornava o visual desleixado no epítome do cool, fosse para homens ou para mulheres.” Fora das catwalks, as camisas em xadrez de Kurt e os icónicos jeans largos e deliberadamente rotos tornaram-se no uniforme de modelos como a rebelde Cara Delevingne, ou até de músicos que assumiram o look total — Sky Ferreira e o ex-namorado, o vocalista dos Diiv, Zachary Cole Smith, chegaram a parecer clones daquilo que um dia foram Kurt e Courtney Love. Só que não chegaram nem perto.