Jornal de Negócios - Weekend

Destas camadas de que somos feitos

- WILSON LEDO

O PROGRAMA DE SETE ESPETÁCULO­S, ENTRE 14 DE JUNHO E 7 DE JULHO, É UM CONVITE PARA QUE LISBOA CONHEÇA O FUTURO TEATRO DO BAI RRO ALTO. Pensar a cidade em que vivemos. Pensá-la em conjunto, pensá-la para o futuro. O Teatro do Bairro Alto só nasce no final do ano. Até lá, convida os lisboetas (os de gema e todos os outros que escolheram viver na capital) a descobrir a sua própria cidade.

Aabertura de um teatro devia s e r s e mpre motivo de fe sta. O Teatro do Bairro Alto só inaugura, oficialmen­te, no último trimestre do ano. E teremos de esperar até lá para poder e s prei tar? A re s posta é simples e redonda: não.

Francisco Frazão, o diretor artístico, tem um “cartão de visita ou uma declaração de inte nçõ e s ” p ara di stri b ui r j á a partir desta s exta- fe ira, 14 de j unho. Chama- s e “(Quas e ) ” , um programa de pré-abertura em que o Teatro do Bairro Alto se dá a conhecer à vizinhança.

A nova sala de espetáculo­s nasce naquela que foi a casa da Cornucó p i a, a co mpanhia de L uí s Miguel Ci ntra, durante longos anos. “Foi um teatro importantí­ssimo”, recorda Francisco Frazão. Agora, nesta nova

fase, é preciso voltar a trazer a cidade para dentro do teatro.

Haveria melhor forma de o fazer do que começar pela rua? O Te atro do Bairro Al to que r ab ri r- s e a Li s b o a, ao p e nsamento sobre a cidade. Por isso, as s ete p ro p o stas artí sti cas – entre a instalação, a conferênci­a e a “performanc­e” – do programa “(Quase)” têm esse pendor bem vincado.

“Queremos pensar a cidade do subterrâne­o ao miradouro. Pe nsar a cidade co mo camadas”, explica o direto r artístico. Em “Gardens Speak”, o público tem acesso ao subterrâne­o: a artista libanesa Tania El Khoury recupera os jardins da Síria que ocultam os corpos de ativistas e manifestan­tes antirregim­e. O público é convidado a dei tar- s e no chão e o uvi r os testemunho­s destes homens e mulheres que acabaram debaixo da terra por causa dos ideais que defendiam.

Já a vista privilegia­da sobre a cidade, no miradouro, chega através de propostas como a de Andy Fi e l d. Em “Lo o ko ut” , o c ri ado r b ri tâni c o j unta as crianças de uma escola primária com o público (adulto) do espetáculo. Juntos, com vista sobre Lisboa, imaginam o futuro da cidade.

Por agora, a nova sala de esp etácul o s de Li s b o a e stá e m o b ras , vaz i a, à e s p e ra de uma nova vida. Francisco Frazão já te m a p ri meira p rogramação orientada. “O Teatro do Bairro Alto tem uma ideia de especial i z ação do exp e ri mental , do emergente e do internacio­nal”, sintetiza. Nas escolhas, o diretor artístico combina a linha do exti nto Maria Mato s Te atro Municipal co m a exp e ri ê nci a da s ua úl ti ma exp e ri ê nci a à frente da Culturgest.

“Há uma he rança de que s o mos fe i to s ” , di z . Tal co mo uma cidade, também um programado­r cultural é feito de camadas.

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