FOTOGRAFIA REMOTAMENTE COMANDADA
Durante o tempo em que trabalhei em redacções, uma das coisas que me davam mais prazer e satisfação era acompanhar a paginação, escolher as fotografias, editá-las com os seus autores, construir a história com as imagens. O Blitz e O Independente deram-me esse prazer, assim como, mais tarde, o Se7e e a Visão e hoje, nestas páginas de A Esquina do Rio do Weekend, do Jornal de Negócios, procuro sempre escolher as imagens. Quando pego numa revista, ou num jornal, a paginação e a edição fotográfica são sempre o meu foco de atenção. Hoje isso também acontece por vezes com algumas publicações online – o conceito de paginação para ecrã de dispositivo móvel, por exemplo, é um desafio. Mas quero destacar uma das melhores ideias que vi nos últimos tempos, nascida das medidas de confinamento tomadas no decurso da pandemia. A revista Time dedicou a sua edição de 1 de Junho à “Generation Pandemic”, o título da capa. E, para editar as imagens de um dos artigos principais “Unlucky Graduates”, que se estende ao longo de 12 páginas da revista, designaram Hannah Beier, uma finalista de fotografia da Universidade de Drexel, de Filadélfia. Beier fotografou virtual e remotamente os seus colegas de curso, nas casas onde estavam confinados. Utilizou a aplicação Face Time dos iPhones para dirigir a sessão fotográfica com cada um, pedindo-lhes para posarem de uma determinada forma e no enquadramento que escolheu, e foi a partir do telefone que capturou as fotografias dos sete colegas que são os protagonistas da reportagem. É uma ideia fantástica e é preciso folhearem estas páginas para ver como o resultado obtido de facto é surpreendente, capturando o espírito do momento. Na imagem, está a dupla página de abertura deste artigo na Time.