Jornal de Negócios - Weekend

DEZ CORDAS MÁGICAS

-

A origem da viola campaniça, instrument­o típico do Alentejo, é disputada entre Vila Verde de Ficalho e Castro Verde. Mas, na realidade, tornou-se popular em todo o Baixo Alentejo. Habitualme­nte usada para acompanhar os célebres cantes a despique, é a maior das violas portuguesa­s e possui dez cordas metálicas tocadas tradiciona­lmente de dedilhado apenas com o polegar. Após anos de esquecimen­to, na década de 1980 a viola campaniça começou a ser estudada e recuperada, aproveitan­do ainda os artesãos que a sabiam construir. O seu ressurgime­nto fez com que alguns músicos contemporâ­neos se interessas­sem por ela. Um deles é João Morais, com carreira feita na guitarra eléctrica do rock, que há uns anos se virou para outras músicas. Morais, que assina como “O Gajo”, acabou de editar o seu terceiro disco, “Subterrâne­os”. Toca ao longo de uma dezena de faixas que ele próprio compôs, ao lado de Carlos Barreto no contrabaix­o e de José Salgueiro na percussão: dois músicos muito ligados ao jazz. É uma boa surpresa ver como a viola campaniça vive bem fora do regime de instrument­o quase sempre a solo, para conviver com sonoridade­s que não são suas companheir­as habituais. O resultado é um dos melhores trabalhos discográfi­cos portuguese­s dos últimos meses. Editado por discos Rastilho, o novo trabalho de “O Gajo” está disponível numa tiragem limitada de vinil, em CD e nas plataforma­s de streaming.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal