Jornal de Negócios - Weekend

Arte é fazer alguma coisa a partir de nada e depois conseguir vendê-la. Frank Zappa

SANDUÍCHE DE SALADA

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Gosto de ler livros sobre espionagem e a figura de Richard Sorge sempre me interessou. Ian Fleming, o criador de 007, chamava-lhe “o espião mais formidável da História”. Kim Philby, o espião russo infiltrado nos serviços secretos britânicos, disse que o trabalho efectuado por Sorge “foi impecável” e John Le Carré considerou-o o espião que se destacou entre os espiões, descrevend­o-o como “um actor no sentido de Graham Greene, e um artista no sentido de Thomas Mann”. “O Espião Perfeito”, editado originalme­nte em 2019 e agora disponível em Portugal, é uma completa investigaç­ão sobre a vida de Sorge e a sua personalid­ade, a descrição minuciosa do que fez e das suas convicções, com o enquadrame­nto histórico da época, desde o pacto Ribbentrop-Molotov até ao planeament­o do ataque japonês a Pearl Harbor. Sorge foi um idealista que entregou a sua vida à causa da União Soviética, um militante comunista que não olhava a meios para atingir fins, um sedutor inteligent­e capaz de obter segredos dos maiores inimigos. Owen Matthews, o autor deste livro, vai além da vida de Sorge e mostra como era o clima na política e na diplomacia internacio­nais no período antes da II Grande Guerra e, depois, no seu decorrer. Conta como a “entourage” de Estaline escondia a realidade ao ditador, o que teve terríveis consequênc­ias. Sorge, que estava no Japão - onde criou uma formidável rede de espionagem -, tinha acesso às informaçõe­s tanto da Alemanha como do exército japonês, e anunciou com antecedênc­ia a data precisa do ataque das tropas de Hitler à União Soviética. Mas em Moscovo os seus relatórios foram metidos na gaveta, porque contrariav­am a convicção que Estaline tinha de que Hitler não o atacaria. Como se sabe, estava enganado, e este erro custou a vida a muitos milhares de soldados russos. Fascinante, a narrativa de Owen Matthews é um retrato desses tempos. Os interrogad­ores japoneses que o prenderam e executaram fazem dele este retrato: “Um exemplo devastador de brilhantis­mo na espionagem.”

Gosto de sanduíches, com bom pão. Aqui a ideia é que o principal elemento da sanduíche seja uma boa dose de vegetais: alface de boa qualidade, espinafres, rúcula. O que gostarem ou tiverem à mão, mas em boa quantidade. Ao contrário de outras sanduíches, deixem a maionese de lado. Temperem os vegetais com bom azeite e limão, deixem-nos a marinar um bom bocado. Quando chegar a altura de fazer a sanduíche, levem as fatias de pão à torradeira até ficar um pouco tostado, barrem cada fatia com uma generosa porção de queijo fresco de cabra. Partam o que sobrar do queijo fresco em pedaços e misturem na salada entretanto preparada, e depois forrem as fatias de pão abundantem­ente com essa salada. Não sejam tímidos, deixem o verde com uma boa altura entre as fatias, e não se importem que transborde do pão. Bom apetite – agora com o tempo a começar a aquecer, é um petisco.

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