A VIDA PODE SER UM ROMANCE
Há uns tempos, em 2019, Rui Nabeiro, o homem que criou um império a partir de Campo Maior e dos cafés Delta, propôs a José Luís Peixoto que lhe escrevesse a biografia. Peixoto agradeceu o convite, mas disse que em vez de uma biografia preferia pensar num romance que contasse a experiência de uma vida. Assim nasceu “Almoço de Domingo”, a história de um “homem de 90 anos, que olha para o seu passado e faz um balanço de vida a partir de episódios significativos da sua história pessoal”, conta o escritor. Peixoto e Nabeiro têm em comum o Alentejo que os viu nascer e crescer. A poucos dias de completar 90 anos, no próximo dia 28 de março, Rui Nabeiro serve de personagem ao escritor, que pega justamente nesse aniversário para desfiar as memórias de toda uma longa vida. “Almoço de Domingo” decorre entre 1931 e 2021 e conta a história de uma figura que se tornou referência na sua terra, em Campo Maior, que abraçou causas, desenvolveu a actividade das suas empresas para além do país e do café que lhe deu fama. Esta é a história de um empreendedor que, ao longo de momentos bem diferentes da vida portuguesa, teve sempre um papel activo, que manteve a fábrica a funcionar mesmo em momentos difíceis e soube apostar em inovação quando foi preciso, passando o testemunho às gerações seguintes. Não é caso único em Portugal, mas é, mesmo assim, caso raro. E ainda mais raro é escreverem-se romances sobre pessoas vivas. O título? A família Nabeiro mantém a tradição do almoço de Domingo, pano de fundo de todas as histórias que se vão desenrolando.