TEORIA POLÍTICA
“O que acontece à política e às suas instituições específicas quando o ambiente tecnológico se altera desta maneira? Que transformações políticas associamos à robotização, à digitalização e à automatização?” Estas são algumas das muitas perguntas a que “Uma Teoria da Democracia Complexa”, o novo livro de Daniel Innerarity, vai respondendo, com hipóteses e raciocínios. Innerarity foi considerado pela revista Le Nouvel Observateur como um dos 25 pensadores mais influentes da atualidade e nesta obra, agora editada em Portugal e que esgotou no espaço de dois dias em Espanha, o filósofo e investigador defende que a grande ameaça à democracia moderna é a simplicidade dos conceitos políticos que tomámos de empréstimo, ignorando a complexidade crescente em que a nossa organização social se desenvolveu. O autor sublinha que já não se trata de enfrentar os desafios dos séculos XIX e XX, mas sim os do século XXI. Dividido em três grandes capítulos, “A Compreensão da Complexidade”, “O Governo das Sociedades Complexas” e “Democratizar a Democracia”, este ensaio aborda questões como a representatividade actual dos sistemas democráticos, o comportamento das várias gerações na política e a democracia digital, entre outros. No fim do livro, citando Ulrich Beck, Daniel Innerarity sublinha que “a política não morreu, apenas emigrou dos clássicos espaços nacionais delimitados para os cenários mundiais interdependentes”. Daniel Innerarity é catedrático de Filosofia Política e Social na Universidade do País Basco e diretor do Instituto de Gobernanza Democratica.