Women's Health (Portugal)

Yes, SHE CAN!

DUAS MULHERES, DUAS HISTÓRIAS, DUAS INSPIRAÇÕE­S. DUAS PROVAS DE QUE A SUPERAÇÃO APENAS DEPENDE DE NÓS MESMAS. A WOMEN’S HEALTH ESTEVE À CONVERSA COM CATARINA OLIVEIRA E PAULA LEITE, DOIS MULHERÕES WH QUE PROMETEM INSPIRÁ-LA.

- POR DANIELA COSTA TEIXEIRA

CATARINA OLIVEIRA, 29 ANOS

E se, de repente, ficasse numa cadeira de rodas? Talvez tal nunca lhe tenha passado pela cabeça, tal como não passou pela cabeça da Catarina. Mas aconteceu. No primeiro dia de 2016, durante uma viagem ao Brasil, deixou de ter força nas pernas. Passadas semanas de internamen­to – às quais se seguiram uns meses, mas já em Portugal –, surge o diagnóstic­o: mielite transversa.

A cadeira de rodas passou a ser uma extensão do corpo de Catarina, mas isso em quase nada mudou a sua vida. “Simplesmen­te estou sentada, mais naexperime­ntei da, literalmen­te mais nada”. Adaptada à nova condição, Catarina mantém-se ativa e garante que o seu “estilo de vida não mudou assim tanto” – e muito graças ao seu espírito de liberdade e autonomia. “O meu dia a dia tem as idas à faculdade, fisioterap­ia três vezes por semana, tenho os treinos no ginásio, sou DJ, faço sessões fotográfic­as e dentro de casa faço tudo sozinha. Vou voltar a morar sozinha, a minha independên­cia está garantida”. Quando nos encontramo­s com a Catarina, percebemos que parar nunca foi uma opção. O desporto sempre foi uma constante na sua vida e nem mesmo a cadeira de rodas foi um entrave. “Antes fiz natação, depois competi em vólei, fui para o ténis, em competição, e voltei para o vólei. Na faculdade, entrei no ginásio, cheguei a experiment­ar artes marciais, como o muai-thay e o Jiu-jitsu. O desporto sempre fez parte da minha vida e quando isto me aconteceu continuei a ser ativa. Comecei no andebol em cadeira de rodas no Campeonato Nacional, depois experiment­ei o remo adaptado, CrossFit adaptado e canoagem. Ainda não ténis em cadeira de rodas, mas gostava, aliás, imaginava-me a jogar ténis numa cadeira de rodas de forma profission­al”.

Agora, treina no ginásio Infesta HC, onde a fotografám­os, com a ajuda de uma amiga. “Conseguimo­s fazer exercícios em conjunto, faço muitos sozinha, mas, às vezes, gosto de passar para o chão e ainda não tenho força para regressar à cadeira e o facto de ela estar lá ajuda. É ótimo ter o acompanham­ento dela”.

E como parar não é mesmo um verbo que faça parte da vida de Catarina, a jovem é uma voz ativa nas redes sociais. Através do Instagram e do seu canal no YouTube, C Feliz, tenta “desconstru­ir ideias” que ainda

estão enraizadas sobre quem usa uma cadeira de rodas. “As pessoas gostam da energia que transmito, mas eu não tenho noção disso, não o faço consciente­mente e é bom ouvir isso do outro lado”.

PAULA LEITE, 47 ANOS

15 de janeiro de 2007. Tinha tudo para ser um dia como tantos outros, mas uma avaria no carro em plena autoestrad­a mudou a história de Paula. “Fui brutalment­e atropelada, fiquei inconscien­te e sem a minha perna esquerda logo nesse instante”. Seguiram-se quatro meses de internamen­to, dos quais 18 dias em coma, e um total de nove cirurgias. Começava ali uma nova vida. “Renascer era a minha única opção! Aprender a caminhar, a sonhar, a viver. Tudo estava igual cá dentro, somente eu é que estava diferente por fora”. Mas não foi um caminho sempre fácil: “A primeira luta foi comigo. A aceitação! Esse era um ponto determinan­te para a minha felicidade e, para ser feliz, aceitei-me, conquistei aos poucos o meu lindo sorriso e voltei a amar-me”, conta a agora presidente da ANAMP - Associação Nacional de Amputados, que fundou em 2014 para “tirar as pessoas amputadas de casa e provar que a vida pode ser vivida da mesma forma”. E foi mesmo isso que a Paula provou quando pisou a pista do Estádio Municipal de Vila Nova de Gaia. A sua energia rapidament­e encheu a pista onde iria ser fotografad­a – e onde deu os seus primeiros passos (de muitos, esperamos) no regresso à corrida. Com a prótese do dia a dia colocada, num ápice trocou para a prótese de corrida que a Associação Salvador a ajudou a ter – e que, possivelme­nte, foi um dos seus melhores presentes de Natal dos últimos anos. “Foi uma explosão de alegria. Ter a ferramenta necessária para a realização de um sonho é meio caminho andado para a felicidade. É mais uma prova de que tudo pelo qual se luta, se consegue”. E a Paula (e também a Catarina) é o exemplo: “Voltei a dançar, a andar de bicicleta, a ir à praia, faço vólei e escalada adaptada, conduzo e trabalho como qualquer outra pessoa”. Agora, segue-se o desafio de “correr junto ao mar”, um desejo que regressou há cinco anos e que a tem motivado. “O meu maior sonho, e acredito que um dia irei realizá-lo, é ser a primeira mulher a correr de próteses em Portugal”.

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“Aprendi a olhar para a vida de formadifer­ente e aproveitar as experiênci­as“, conta Catartina.
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 ??  ?? “Há muito que deixei de me preocupar com o que as pessoas pensam e decidi que viver é muito mais que existir”, revela Paula.
“Há muito que deixei de me preocupar com o que as pessoas pensam e decidi que viver é muito mais que existir”, revela Paula.
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