REALIDADE DISTORCIDA

Há décadas que associamos a mulher à perfeição. E é. É tão perfeita quanto o homem, tão perfeita na sua singularidade e autenticidade. Mas essa perfeição está a distorcer a nossa realidade. “A categoria ‘mulher’ é, em si mesma, plural e diversa, o que significa que há múltiplas formas de se ser mulher, de acordo, inclusive, com os contextos culturais onde tal definição está a ser analisada. Não obstante, as mulheres estão, de um modo geral, sujeitas a um amplo leque de expectativas sociais que se traduzem em pressões objetivas e subjetivas para a perfeição. Espera-se delas, com efeito, que sejam não apenas mulheres, mas mulheres perfeitas”, começa por explicar à Women’s Health Sofia Neves, docente e investigadora no Instituto Universitário da Maia (ISMAI) e membro integrado do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG – ISCSP/UL). Para a socióloga Cristina Duarte, essa necessidade de perfeição faz com que haja “esta necessidade de se fazer muito quando se nasce mulher” e tal resulta, muitas vezes, na incapacidade de ver além do que achamos que é o que os outros querem ver. “Hoje em dia somos bombardeadas constantemente por ideais de beleza, que se tornam modas virais e quase nos obrigam a pertencer a clichés de beleza que não temos”, critica a psicóloga clínica e sexóloga Vera Ribeiro.