AQUELA FASE DO tpm MÊS
Três simples letras são capazes de arruinar a moral de qualquer mulher. Sim, falamos da TPM, tensão pré-menstrual, e aqui encontra tudo o que precisa de saber sobre ‘aquela’ fase do mês.
ATPM, tensão pré-menstrual (também chamada de síndrome) é o distúrbio mais comum entre mulheres em idade fértil. Comporta um conjunto de sintomas psicológicos e somáticos debilitantes, comprometendo imenso o bem-estar. Segundo a revista Journal of Medical Economics, o impacto económico é estimado em biliões, se considerarmos a quebra de produtividade, o absentismo, toda a medicação e até mesmo as visitas ao hospital.
COMO TUDO FUNCIONA
Os sintomas mais comuns são dores/contrações uterinas e inchaço abdominal, retenção de líquidos, enxaquecas, tensão mamária, acne, insónias, flutuações de humor, ansiedade, irritabilidade, fome, desejo por doces e por comida reconfortante.
A causa da TPM está nas variações hormonais que ocorrem na fase lútea tardia do ciclo menstrual (aproximadamente a última semana antes do primeiro dia de menstruação) com uma queda abrupta dos estrogénios e progesterona.
A diminuição repentina do estrogénio leva a uma diminuição dos níveis de serotonina, neurotransmissor importante na regulação do humor, bem-estar, saciedade, racionalidade e controlo de impulsos. O resultado é um aumento do apetite e comportamentos compulsivos, em particular por doces e outros alimentos com elevado poder gratificante (como chocolate, bolachas, etc.).
No mesmo sentido, verifica-se uma redução severa nos níveis de beta-endorfina, um opioide endógeno de bem-estar e tolerância à dor. Alimentos como o chocolate compensam esta redução devido ao seu teor de anandamidas, um canabinoide que atua de forma paralela à beta-endorfina, a feniletilamina, uma substância neurotrópica que potencia a ação da serotonina.
As flutuações hormonais que caracterizam a TPM levam também a um aumento da densidade de recetores de noradrenalina e atividade simpatoadrenal, resultando num aumento da ansiedade, irritabilidade e também de apetite. Mais: há uma redução da atividade neuronal inibitória GABAérgica e preponderância de atividade excitatória GABAérgica devido à queda dos níveis de estradiol e alopregnanolona, um neuroesteroide derivado da progesterona.
Para além da administração de hormonas exógenas sintéticas, a pílula, que suprimem as variações naturais, existem algumas estratégias nutricionais e comportamentais que podem atenuar os sintomas e ajudar a lidar com esta fase. O défice energético deverá ser atenuado, com um aporte isocalórico e garantindo uma dieta normoglucídica, com 4-5 gramas de hidratos de carbono por quilo de peso magro. Dietas restritivas em hidratos de carbono e energia levam a uma redução nos níveis de triptofano, serotonina e também estradiol a médio prazo, podendo mesmo exacerbar a sintomática psicológica e alterações de apetite características desta fase.
SOLUÇÕES À VISTA
A suplementação pode ser uma estratégia eficaz contra a TPM, sendo que as doses dependem de mulher para mulher. Tomar, por exemplo, triptofano isoladamente parece atenuar os sintomas derivados do défice de serotonina. No entanto, é importante que este seja administrado em refeições com hidratos de carbono e um teor proteico inferior a 6% do valor energético total. O mesmo efeito não se verifica com o 5-HTP devido à menor permeabilidade da barreira hematoencefálica a este composto, comparativamente ao triptofano. Suplementação com cálcio e magnésio, não necessariamente em conjunto, apresenta indícios positivos na redução dos sintomas. A erva-cidreira e a valeriana parecem também eficazes no alívio da sintomática associada à TPM.
O Vitex agnus castus é provavelmente o fitoterápico com mais evidência no tratamento da TPM. O seu efeito passa pelo aumento da beta-endorfina e da dopamina, com consequente redução da prolactina elevada na fase lútea tardia e responsável por sintomas como a tensão mamária e dores de cabeça. Da mesma forma, pelo seu efeito dopaminérgico, a vitamina B6 apresenta resultados animadores em alguns trabalhos já publicados.
O óleo de Onagra, rico em GLA, pode também ajudar no controlo da sintomática associada ao processo inflamatório e dor abdominal. O Ómega-3 é também reconhecido pelo seu efeito anti-inflamatório e a redução da produção de prostaglandinas PGE2 atenua significativamente a dor associada às contrações uterinas.
Não se tratam, porém, de suplementos de ação imediata e cuja administração deverá ser contínua em mulheres que sofrem de dismenorreia frequente. O gengibre tem um efeito antiespasmódico e inibidor da COX-2, reduzindo igualmente a produção de PGE2 associada à dor uterina.
A intensidade dos sintomas da TPM pode afetar drasticamente a qualidade de vida da mulher. Estas são apenas algumas estratégias que poderão ser implementadas para reduzir a sintomática da TPM, úteis não só para as mulheres que a experienciam. Até porque, no final de contas, a culpa é sempre das hormonas.
Chocolate Este doce pode ser um aliado na luta contra a TPM