Tudo o que precisa de saber sobre o metabolismo.
O metabolismo é o motor de arranque para termos mais saúde, mais energia e um peso adequado. Duas nutricionistas tiram todas as dúvidas (e dão as melhores dicas).
Ora comemos pizza todas as semanas e nada acontece no nosso corpo, ora somos fiéis às regras da alimentação saudável e, ainda assim, a balança continua zangada connosco. Estas são duas situações bastante comuns e que têm na sua génese um denominador comum e bem conhecido de todas nós: o metabolismo.
De uma forma genérica, “o termo metabolismo é utilizado para descrever o que cientificamente entendemos por metabolismo basal”, explica à Women’s Health Sofia Pinto, nutricionista do Holmes Place da Constituição, no Porto. E o que é que isso quer mesmo dizer? Na prática, o metabolismo “consiste num conjunto de reações químicas que se dão no nosso organismo de modo a transformar e a utilizar energia obtida através dos alimentos, traduzindo-se, depois, na taxa/quantidade mínima de energia (calorias) de que o corpo necessita diariamente para assegurar as funções vitais (como a respiração e o batimento cardíaco, por exemplo) em estado de repouso. Podemos encará-lo como se fosse o nosso ‘motor’, existindo diversos ‘modelos’, sendo que uns gastam mais do que outros”.
Metabolismo lento vs. metabolismo acelerado
Como cada carro tem o seu próprio motor, também cada organismo tem o seu próprio metabolismo. Nesse sentido, o ‘motor’ pode ser “mais rápido e consumir mais combustível (metabolismo acelerado) ou, então, ser mais lento, mas mais económico, consumindo menos combustível (metabolismo lento)”, exemplifica Sofia Pinto. E tal como acontece com os carros, o ‘motor’ do nosso organismo pode também ser adaptado e melhorado em prol das nossas necessidades. Segundo a especialista, “cada pessoa tem a si associado um ritmo de metabolismo, contudo, dentro do possível, com algum trabalho e esforço, somos capazes de adaptá-lo, pois o nosso metabolismo é modificável e vai-se alterando ao longo da vida, dependendo de vários fatores”. Sim, temos boas notícias para si! “Caso tenha um metabolismo muito tento hoje, isso não quer dizer que continue lento daqui a uns anos. Tudo depende de si para que isso se altere”, garante.
“Apesar de alguns fatores determinantes do tipo de metabolismo da pessoa serem inerentes ao indivíduo, existem outros (a maior parte!) que podem ser modificáveis, sendo esses os fatores que definem o estilo de vida de uma pessoa”, reforça a nutricionista Bárbara Oliveira, que dá consultas no ginásio People Family Club, em Sintra. De acordo com a especialista, “apesar de o corpo dar sinais de que o metabolismo é lento ou rápido, a maioria dos indivíduos apresenta um metabolismo normal para a sua idade, género e estilo de vida. Ao longo do tempo, o organismo é mais exposto a fatores
que podem ajudar a danificar e a atrasar alguns processos do organismo, pelo que o metabolismo torna-se mais lento. No entanto, o estilo de vida pode ser alterado, pelo que o metabolismo também o pode”.
Por se tratar de uma máquina complexa, o nosso corpo necessita de atenção durante toda a sua existência e não é por se sentir refém do seu próprio metabolismo que não pode lutar por melhorá-lo - atue o quanto antes e com o acompanhamento profissional.
Se o seu metabolismo é lento e pretende perder peso, por exemplo, “terá de o ‘acelerar’ e aliar-se a uma alimentação com um balanço energético negativo (ou seja, deve ingerir menos calorias do que as calorias que gasta). Isto implica controlar o apetite e fazer um esforço para diminuir as quantidades de alimento ao longo do dia”, explica Sofia Pinto. Mas se o seu metabolismo é acelerado e pretende ganhar peso, “terá de fazer um esforço adicional para contrariar a tendência de perda de peso, realizando uma alimentação com um balanço energético positivo (ou seja, deve ingerir mais calorias do que as calorias que gasta) e isto implica comer mais vezes ao longo do dia, por vezes sem fome, e aumentar as quantidades de alimento e/ou o número de refeições que faz ao longo do dia”, continua a nutricionista.
E se quiser simplesmente manter o peso? Pois bem, não precisa de desligar o ‘carro’ para tal – nem tão-pouco entrar em grandes contas matemáticas. O que acontece nestes casos, realça a nutricionista Sofia Pinto, é que “o seu meta-bolismo está numa fase regular/normal e caso pretenda aumentar ou diminuir o peso deverá optar por uma alimentação com balanço energético positivo ou negativo, respetivamente, dependendo do objetivo”.
Apesar de a alimentação ser um fator determinante na velocidade a que trabalha o nosso metabolismo, importa salientar que “a energia gasta no metabolismo basal representa 60%-70% do gasto energético calórico total e não é a única energia que se gasta por dia”, alerta Sofia Pinto, que destaca ainda o “efeito térmico dos alimentos que representa 5%-10%” desse mesmo gasto energético calórico total. Para esta equação mais ou menos mecânica entram ainda fatores como “a execução de qualquer esforço físico adicional (entre 20% e35%)”, frisa.