Women's Health (Portugal)

Só mais UNS MINUTOS...

Mais do que um dos maiores prazeres da vida, dormir é um dos pilares da sobrevivên­cia. E nós, mulheres, estamos a dever umas valentes horas à cama.

- POR DANIELA COSTA TEIXEIRA

Foi há cerca de dois anos que a Universida­de Loughborou­gh, no Reino Unido, divulgou os resultados de um estudo que fez correr tinta um pouco por todo o mundo e suspirar de alívio o sexo feminino. Na investigaç­ão, os cientistas garantiram que as mulheres precisam, em média, de mais 20 minutos de sono do que os homens, não só pelas diferenças estruturai­s dos seus cérebros, mas também por culpa da carga hormonal, emocional e social de que são alvo. Para entender toda a complexida­de do sono da mulher, a Women’s Health esteve à conversa com Helena Hachul, médica ginecologi­sta, especialis­ta em Medicina e Biologia do Sono e membro da Associação Brasileira do Sono. A nossa qualidade de sono já viu melhores noites.Stress, problemas financeiro­s, questões políticas, zangas coma cara-metade, complicaçõ­es laborais… tudo contribui para tirar o sono, mas, ao que parece,éa mulher quem mais anda às avessas com a cama.“As queixas de sono são mais frequentes em mulheres do que em homens, pois têm uma rotina habitualme­nte diferente, apesar de todo o empenho social por igualdade”, começa por explicar Helena Hachul. Em causa, diz, está “a dupla ou até tripla jornada (trabalham, estudam e cuidam da casa)” que têm no seu dia-a-dia, condição social que, “somada às variações hormonais (do ciclo menstrual e da menopausa e problemas hormonais que podem ocorrer, como alteração de prolactina, tiroide, ovários poliquísti­cos, etc.), pode influencia­r a qualidade de sono na mulher”.

Com esta sobrecarga, a mulher tem uma predisposi­ção natural para a insónia e privação de sono. “Tem pouco tempo para dormir e, no tempo que tem, não consegue por estar preocupada com tudo o que tem de fazer no outro dia”, diz. Mas se o impacto da sobrecarga social tende a ser cada vez menor na qualidade do sono da mulher – e muito graças ao novo conceito de família, no qual os homens são cada vez mais participat­ivos –, o mesmo não se pode dizer quanto às oscilações hormonais e, claro, quanto às diferenças estruturai­s entre o cérebro do homem e da mulher – e isto, sim, é um fator a pesar bastante na balança do sono.

As mulheres têm mais ligações entre os dois hemisfério­s cerebrais, algo que, por si só, explica o seu lado mais emocional e o impacto que isso tem na qualidade do sono – ou na falta dele. Os homens, por seu turno, têm um cérebro mais apto para questões motoras e espaciais, não dando grande espaço para o poder das emoções, concluiu o estudo publicado na revista Proceeding­s of the National Academy of Sciences.

Além das ligações emocionais, o cérebro das mulheres trabalha mais do que o dos homens (desculpem lá qualquer coisinha). De acordo com a investigaç­ão da Universida­de Loughborou­gh, no Reino Unido, esta capacidade feminina deve-se à sua habilidade multitaski­ng, que faz que o cérebro delas trabalhe mais tempo e mais intensamen­te durante o dia, sendo, por vezes, difícil de ‘desligar’ – nem mesmo quando já se está na cama e até mesmo quando se deita com sono. Procurar um médico é sempre a aposta mais certeira e, segundo Helena Hachul, tal deve acontecer “independen­temente da idade e quando o sono não é restaurado­r, se tem dificuldad­e em iniciar ou manter o sono e isso traz repercussõ­es no dia-a-dia”.

Quanto aos tratamento­s, existem atualmente terapias fitoterápi­cas ou “alternativ­as com acupunctur­a, massagem, yoga, fisioterap­ia e meditação”, revela a médica. No que diz respeito à toma de fármacos, a especialis­ta alerta para a importânci­a de um aconselham­ento e acompanham­ento médico, visto que podem “causar tolerância e dependênci­a”.

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