FOME EMOCIONAL
Existe uma relação intrínseca entre sentir-se stressada e ganhar peso. E não tem apenas a ver com o ato de alimentar as suas emoções. Aprenda a travar este ciclo e o que faz desencadear a fome emocional.
Quando tem problemas na sua vida, seja no trabalho ou em casa, a vontade de comer pode revelar-se mais intensa e a comida pode tornar-se um escape. Assim, acaba por comer mais e pode mesmo aplicar-se a expressão ‘fome emocional’. Neste caso, a ‘fome’ que sente é motivada por fatores que causam desequilíbrio ao seu organismo. Segundo a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o stress é um dos grandes responsáveis quando come demasiado. Comer é indispensável para a saúde e para o bem-estar de qualquer pessoa. No entanto, por vezes, podem acontecer desequilíbrios que a levam a reduzir a quantidade de comida que ingere ou, por outro lado, a comer mais do que o que é necessário . Ter fome e ter vontade de comer são duas premissas distintas e que deve saber distinguir. “Se, antigamente, podia ser natural a confusão entre a fome fisiológica e a fome emocional, hoje as diferenças estão bem esclarecidas e estudadas”, afirma a nutricionista Rita Lima, a exercer no Antas - Prime Fitness. A fome fisiológica é uma reação do organismo, que lhe pede para repor os níveis de energia e calorias de que precisa para funcionar corretamente. Por outro lado, a vontade de comer (a chamada fome emocional) é uma sensação meramente ilusória.
Mas se acha que o problema da fome emocional apenas a atingia a si, está enganada. Ao pesquisar por #stresseating no Instagram vai perceber que mais de cem mil pessoas já fizeram alguma publicação em que expressavam o mesmo sentimento.
A verdade é que o stress é mesmo responsável por alterações drásticas no organismo e os estudos mais recentes apontam para o facto de serem as mulheres quem mais sofre. E há muitos fatores em jogo. Estar numa relação infeliz, sentir pressão no trabalho ou passar por alguma situação traumática está intimamente associado à fome emocional e ao aumento de peso.
CONHEÇA O SEU CORPO
“A fome emocional carateriza-se por um desejo repentino de alimentos reconfortantes, por norma, ricos em açúcar e/ou gordura, com intuito de recompensa e de satisfação de necessidades emocionais, em particular stress, ansiedade ou cansaço”, continua a nutricionista. O desgaste e o stress no trabalho ou em casa podem ser os gatilhos perfeitos para exagerar no que come.
“O stress emocional pode explicar a necessidade de alimentos acrescida, visto que promove um aumento das hormonas do apetite e desequilibra, emocionalmente, a pessoa”, afirma Rita Lima. A consequência natural é a pessoa passar a refugiar-se na comida, porque é essa a sua fórmula para atingir o bem-estar. Esta opção apresenta-se como o caminho mais fácil: escolher “alimentos nutricionalmente mais desinteressantes, capazes de desencadear a sensação de bem-estar”.
Voltando às conclusões de Harvard, apesar de, nos primeiros momentos de stress, existir a tendência para comer menos, a longo prazo pode acontecer o inverso. Comer menos está associado às mensagens que são enviadas pelo sistema nervoso às glândulas adrenais para que libertem epinenefrina, também conhecida como adrenalina. Ao ter uma maior concentração de adrenalina no organismo, vai sentir menos necessidade de comer. A longo prazo, os efeitos são opostos e vai começar a ingerir uma quantidade superior de alimentos àquela de que o seu organismo precisa. Aqui, acontece uma libertação mais intensa de cortisol, a hormona que vai ser responsável pelo aumento do apetite. Se os seus níveis de stress começarem a baixar, então, a quantidade de cortisol que tem no organismo também tende a decair. A alimentação inf luencia a sua saúde de um modo geral, pelo que deve comer de forma consciente.
RESPIRE FUNDO
O primeiro passo para ultrapassar o problema é reconhecer que o tem. No caso de fome emocional, ganhar o controlo da sua vida pode exigir um esforço extra. “Tem de dissociar a parte emocional da parte alimentar e perceber que a solução para os problemas e para combater esse estado de espírito não está na alimentação”, aconselha. É normal que tenha notado um aumento de peso e, ao sentir-se menos em forma, a sua “estrutura psicológica e emocional tende a ficar mais frágil”, continua a especialista.
COMA COMIDA DE VERDADE
Apesar de todos os fatores hormonais envolvidos neste processo, o que come e quando come está ligado ao aumento do peso. Alguns alimentos são melhores ou piores para controlar ou desencadear a fome emocional. Se tiver uma alimentação rica em açúcar, a probabilidade de continuar a comer demasiado mantém-se “devido ao efeito aditivo deste composto”. Por outro lado, alimentos mais ricos em proteína, gorduras saudáveis como o ómega3 e hidra-tos de carbono complexos podem ajudar a equilibrar os valores.
EXERCITE-SE
Chega ao fim do dia e só lhe apetece comer bolachas, sentada no seu sofá e enrolada numa manta. Isso é o espelho do stress na sua vida. Mas existe uma série de atividades que podem ajudar a reduzir a fome emocional. Fazer exercício físico, dar um passeio à beira-mar ou tomar um banho relaxante são “estratégias para contornar a fome emocional e libertar o stress de forma mais saudável”, conclui a nutricionista.