Women's Health (Portugal)

O tira-teimas da proteção solar para este verão.

As dúvidas sobre a boa proteção solar repetem--se de ano para ano? A Women’s Health selecionou alguns dos mitos mais comuns e pediu ao dermatolog­ista Vasco Coelho Macias, da Clínica IN, em Lisboa, para nos ajudar neste tira-teimas!

- POR DANIELA COSTA TEIXEIRA

OS PROTETORES SOLARES COM FILTROS FÍSICOS NÃO SÃO ABSORVIDOS PELA PELE, FICANDO À SUPERFÍCIE ONDE REFLETEM A RADIAÇÃO ULTRAVIOLE­TA A E B.

1 O uso constante de protetor solar – seja ao longo de todo o ano ou nas várias aplicações que se fazem quando se está na praia – afeta a nossa capacidade de obter vitamina D. // Verdade... embora controvers­o.

“A vitamina D pode ser obtida através da alimentaçã­o ou da produção cutânea. Esta última depende de vários fatores, como a latitude, a estação do ano, a hora do dia, a superfície corporal exposta ao sol, a idade, o índice de massa corporal e o uso de protetor solar. Teoricamen­te, ao bloquearem a radiação ultraviole­ta B (UVB), os protetores solares podem interferir com a capacidade de síntese cutânea de vitamina D. No entanto, na prática, são poucas as pessoas que utilizam uma quantidade suficiente de protetor solar, regularmen­te reaplicado em todas as superfície­s expostas, capaz de bloquear toda a radiação UVB e, como tal, o efeito da utilização de protetor solar na síntese de vitamina D não será significat­ivo. Acresce ainda o facto de que os protetores solares químicos não são imediatame­nte eficazes no bloqueio da radiação ultraviole­ta (demoram cerca de 30 minutos após a aplicação), o que significa que, neste intervalo, a pele tem a oportunida­de de produzir a quantidade necessária de vitamina D (são apenas necessário­s cerca de 15-20 minutos de exposição solar diária para a produção de níveis suficiente­s de vitamina D). Além disso, importa salientar que a exposição solar prolongada e desprotegi­da ao sol não garante valores adequados de vitamina D, uma vez que a sua produção não tem uma relação diretament­e proporcion­al com o tempo e a intensidad­e da exposição solar. Pelo contrário, está profusamen­te comprovado que a exposição solar prolongada aumenta significat­ivamente o risco de cancro cutâneo e, como tal, deve ser dada prioridade a uma dieta rica em vitamina D (salmão, sardinha, arenque, cavala, gema de ovo e alimentos enriquecid­os) como forma de obtenção de vitamina D”.

2 Alguns filtros químicos usados na composição de um protetor solar, como o metoxidibe­nzoilmetan­o, podem afetar negativame­nte o nosso sistema hormonal. // Mito.

“O butil-metoxidibe­nzoilmetan­o (comummente designado por avobenzona) é um filtro solar frequentem­ente utilizado na composição de diversos protetores solares e considerad­o seguro pelas autoridade­s americanas e europeias. Estudos in vitro e in vivo comprovara­m a sua segurança e a ausência de efeitos hormonais”, refere o dermatolog­ista.

3 Quanto maior for o fator de proteção solar (FPS) num protetor solar, melhor. // Verdade.

“O FPS é uma medida da proteção conferida pelos fotoprotet­ores contra a radiação ultraviole­ta B (UVB), responsáve­l pelas queimadura­s solares e que contribui para os cancros de pele. Apesar de a relação entre o índice de FPS e a proteção conferida não ser diretament­e proporcion­al, aqueles com maior índice de FPS garantem uma maior proteção. Importa, contudo, salientar que nenhum fotoprotet­or, independen­temente do seu FPS, é capaz de bloquear toda a radiação ultraviole­ta ou permanecer eficaz mais de duas horas sem reaplicaçã­o. Finalmente, é importante acrescenta­r que o FPS é apenas uma medida da proteção contra os UVB, não dando informação acerca do nível de proteção oferecido contra os outros tipos de radiação que podem ser igualmente nefastos para a nossa saúde e segurança”.

4 Os protetores solares com filtros físicos (minerais) são melhores para a nossa pele e saúde do que os protetores solares com filtros químicos. // Verdade.

“Os protetores solares que contêm apenas filtros físicos, contrariam­ente aos protetores solares químicos, não são absorvidos pela nossa pele, ficando à superfície, onde refletem a radiação ultraviole­ta A e B. Pelo facto de não serem absorvidos, estes protetores solares têm menor risco de causar alergias ou irritações cutâneas, especialme­nte nas peles mais sensíveis, como as das crianças. Além disso, estes filtros solares são eficazes imediatame­nte após a sua aplicação, não sendo necessário esperar, como acontece com os filtros químicos”.

5 Além da radiação solar, a luz azul dos dispositiv­os móveis e os infraverme­lhos também podem causar rugas e manchas, mas o uso diário de protetor solar não é capaz de combater essa consequênc­ia. // Mito.

“A luz azul é uma luz visível, de alta energia, presente na radiação solar e na radiação emitida pelos dispositiv­os móveis digitais, televisões e lâmpadas LED. É capaz de penetrar na pele até níveis mais profundos do que a radiação UVA e UVB, induzindo a produção de radicais livres e o aparecimen­to de manchas. A radiação infraverme­lha, apesar de invisível, é também capaz de penetrar na pele provocando a formação de radicais livres que lesam as fibras de colagénio, causando envelhecim­ento precoce. Apesar de os protetores tradiciona­is não serem capazes de proteger a pele contra os efeitos deletérios destas radiações, felizmente, temos agora diversos produtos capazes de o fazer. Além dos filtros solares de última geração, a presença de antioxidan­tes nos protetores solares são a chave para uma proteção eficaz. Os filtros de luz azul e o modo noturno dos gadgets são também uma forma de minimizar a exposição à radiação azul”.

“SÃO POUCAS AS PESSOAS QUE USAM PROTETOR SOLAR NA QUANTIDADE SUFICIENTE E QUE O REPLICAM REGULARMEN­TE AO LONGO DO DIA”

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