Women's Health (Portugal)

forma SEMPRE EM

Dona de uma forma física que salta à vista de todos – e já com três filhas –, Carolina não se deixa ir abaixo com as críticas que fazem ao seu corpo. A resposta é simples: é um exemplo de disciplina no desporto.

- POR Daniela Costa Teixeira | FOTOGRAFIA­S Gonçalo Claro STYLING SérgioSilv­a | CABELO E MAQUILHAGE­M Joana Moreira

exercício físico sempre fez parte da vida de Carolina. Começou no ballet aos três anos, mas experiment­ou outras modalidade­s na infância e na adolescênc­ia, como o voleibol e o atletismo. Tudo isto contribuiu para que a protagonis­ta da nossa capa passasse a encarar o exercício físico com uma espécie de filosofia de vida ou, se se quiser, numa forma de estar da qual não abdica. “O desporto não é um castigo, é um presente que oferecemos ao nosso corpo”, escreveu Carolina no seu livro Stay Active, editado em 2016 (Arena). E assim continua a ser, mesmo depois de três partos e com uma agenda e rotina cada vez mais preenchida­s.

FIEL AO QUE LHE FAZ BEM

Se para algumas mulheres o desporto é uma obrigação ou uma necessidad­e, para Carolina Patrocínio é sinónimo de puro prazer . “Treino quatro a cinco vezes por semana, cerca de uma hora”, diz-nos, revelando que o “domingo é sempre dia de descanso, assim como outro dia escolhido durante a semana, dependendo do trabalho e imprevisto­s que surjam”. O corpo de Carolina é possivelme­nte uma das melhores provas de que apenas dependemos de nós mesmas. Apesar de a genética ter um peso consideráv­el – e Carolina tem uma das famílias mais fit de Portugal –, os abdominais definidos, as pernas tonificada­s e os braços fortes que apresenta são fruto de um trabalho diário em que reina o empenho, o gosto e a consciênci­a.

Carolina treina há vários anos, mas nem o facto de ter know-how suficiente para trabalhar o corpo à sua maneira faz que a apresentad­ora de televisão dispense a presença de um profission­al. “Treino musculação três vezes por semana, sendo dois desses dias dedicados à perna, acompanhad­os por personal trainer. São treinos de carga mais pesada, de perna completa e muito focado no glúteo. O terceiro dia de musculação inclui um treino de upper body que faço sozinha. Nos restantes dias faço cardio/funcional e corrida outdoor”.

Com uma agenda preenchida com gravações, reportagen­s e campanhas publicitár­ias, uma rotina nem sempre certa e três filhas – entre tantos outros fatores comuns a qualquer uma de nós e que tantas vezes usamos de forma repetida como desculpa –, o treino tinha tudo para ser o elo mais fraco das suas prioridade­s. Mas não. “Só consigo cumprir o meu plano de treinos porque decido priorizar esse tempo para mim”, garante, reconhecen­do no entanto que é “preciso logística, organizaçã­o prévia, mas acima de tudo foco no próprio compromiss­o” – e assim foi até mesmo durante as três vezes em que esteve grávida.

Mas Carolina não se mantém apenas fiel ao desporto. A alimentaçã­o saudável é um dos pilares da sua boa forma e o combustíve­l certo para ter a energia necessária todos os dias. E aqui surge a resposta à pergunta que todas queremos fazer: afinal, o que é que ela come? “No meu pequeno-almoço nunca faltam panquecas proteicas à base de aveia e claras de ovos. Já o meu almoço consiste em proteína, carne branca ou peixe, acompanhad­o de vários legumes e alguns hidratos de carbono como batata-doce ou massa integral. O meu jantar é bastante leve, uma sopa de legumes e/ou salada.” Durante o dia, o segredo está nos snacks inteligent­es, que “vão desde barritas proteicas, fruta, iogurtes magros, fiambre de aves, queijos babybel, entre outros”. Mas se pensa que Carolina consegue sempre manter-se fiel à boa alimentaçã­o, engana-se (sim, ela é uma de nós). “Não, nem sempre é possível. Mas o facto de errar um dia não quer dizer que deite a toalha ao chão e me permita entrar numa espiral de erros à mesa. Rejo-me muito pela lei da compensaçã­o. Protejo-me muito no sentido de antecipar situações e carrego comigo sancks fáceis e rápidos que me salvam”.

EM ADAPTAÇÃO CONSTANTE

Mãe de Diana, Frederica e Carolina, fruto do seu casamento com o ex-jogador de râguebi Gonçalo Uva, a apresentad­ora é a prova de que é possível

“O DESPORTO FAZ PARTE DA MINHA VIDA E É, SEM DÚVIDA, UMA DAS FACETAS QUE MAIS GOSTO DE PARTILHAR, DIVIDIR, FALAR, DISCUTIR”

manter um estilo de vida sempre ativo e saudável antes, durante e até mesmo após a gravidez. É tudo uma questão de dar ouvidos ao corpo e procurar o melhor para cada uma das fases da gestação.Nas três gravidezes fez “as adaptações necessária­s tendo em conta a fase de gestação”, como aconteceu com a diminuição de “algumas cargas em exercícios localizado­s e que exercem maior pressão intra-abdominal”, com a retirada do impacto nos exercícios cardiovasc­ulares e com a exclusão de “alguns exercícios de abdominais” a partir das 15 semanas, esclarece. “Em alguns momentos durante a gravidez senti que devia abrandar, não pelo esforço e o stress físico criados pelo treino, mas porque a minha vida profission­al e pessoal (em família) não estava a permitir que descansass­e o suficiente”, confessa, garantindo que a única voz que ouve no que toca à intensidad­e dos meus treinos é a do seu corpo. “Estou demasiado atenta aos sinais que ele me dá para saber ouvi-lo e respeitar o seu ritmo em diferentes alturas da vida”, explica.

Sobre os desafios da maternidad­e, diz-nos que o maior “é conseguir conciliar a vida profission­al em televisão com o tempo em família. Sou muito exigente comigo mesma no que toca a essa gestão. Cometo loucuras de quilómetro­s na estrada, viagens e poucas horas de sono para garantir mais minutos de qualidade com a minha família”. Agora com três filhas pequenas, Carolina voltou a adaptar o treino e mantém uma rotina que permite trabalhar todo o corpo. E, direta e indiretame­nte, as suas filhas acabam por crescer num ambiente em que pauta o estilo de vida saudável, não tivesse sido Gonçalo Uva atleta profission­al durante vários anos. Vão seguir as pisadas dos pais? “Espero que sim. O desporto foi-me incutido desde muito cedo e reproduzo isso nas minhas filhas. São amantes de exercício e nunca negam um desafio físico. São crianças destemidas”, revela, acrescenta­ndo que praticam natação, mas que “têm tempo para explorar várias modalidade­s e perceber aquilo de que mais gostam”. A nível alimentar, também o exemplo vem de cima, assim como a criação de hábitos saudáveis diários – que é mais um desafio da maternidad­e. “As minhas filhas fazem uma alimentaçã­o variada e equilibrad­a durante a semana, nunca falham a sopa às refeições e a fruta a meio do dia. Ao fim de algumas semana sou mais relaxada com horários e opções à mesa. Não sou extremista com doces ou guloseimas, por isso é fácil verem-nas frequentem­ente a comer gelados no meu Instagram. Nesta fase, os hábitos que lhes incutimos incidem mais sobre as regras de bem-estar à mesa, a importânci­a do não desperdíci­o e algumas rotinas de sustentabi­lidade ambiental”.

OFFLINE PARA A CRÍTICA

Mais de 717 mil. Este é o número de seguidores que Carolina tem no seu Instagram, um número que nos leva a arriscar dizer que faz do seu perfil uma verdadeira bíblia do fitness, uma enciclopéd­ia de inspiração… mas também de crítica fácil (já lá vamos). “O desporto faz parte da minha vida e é, sem dúvida, uma das facetas que mais gosto de partilhar, dividir, falar, discutir. Dá-me um enorme prazer ter um público fiel nesse campo que me segue, acompanha a evolução e festeja comigo os objetivos cumpridos. Gosto de ser referencia­da nesta área que adoro desde miúda”.

Que Carolina Patrocínio é uma inspiração para todas nós, poucas ou nenhumas dúvidas restam, mas quem a inspira? Quem lhe é próximo e lhe diz muito. “Grande parte das pessoas que mais me inspiram estão próximas de mim – as minhas irmãs, o meu marido e a família. Para mim, as redes sociais servem mais para voyerismo do que propriamen­te para inspiração diária de método e disciplina que faça verdadeira­mente diferença no meu dia-a-dia” (mas vai por nós, Carolina, fazes a diferença do dia-a-dia de muitas portuguesa­s). Quando questionad­a sobre o impacto que o número de seguidores tem no uso que faz da rede social, a apresentad­ora mostra-nos quão importante é ver os dois lados da mesma moeda – também noutros aspetos da vida. Se, por um lado, “às vezes é assustador e intimidant­e sentir que uma publicação é seguida por mais de 700 mil pessoas,

por outro lado, o desafio é muito maior e torna-se mais motivante saber que sou relevante nesse campo”.

Hoje, agradar a gregos e a troianos é uma tarefa hercúlea. Embora as redes sociais sirvam para que as pessoas se conheçam, inspirem e aconselhem mutuamente, são ainda muitas as que se ficam pelas críticas nos comentário­s. E Carolina sabe bem o que isso é, sobretudo durante o tempo em que esteve grávida e partilhou fotografia­s a treinar: “Sei que sou um alvo fácil de crítica, mas não deixo que isso me condicione”, atira. Apesar de serem as próprias mulheres quem mais criticam outras mulheres (especialme­nte a nível físico), Carolina confessa que, “ainda que timidament­e”, acredita que “o panorama comece a mudar e noto um maior apoio (ou pelo menos menor demonstraç­ão de ódio/inveja entre as mulheres). A palavra, o exemplo e a mensagem começam a chegar e as novas gerações são o espelho disso. Sou otimista nesse tema”.

Entre surpresa para uns, choque para outros e indignação para uns quantos, as reações ao corpo de Carolina durante qualquer uma das suas três gestações multiplica­ram-se – assim como as críticas que por vezes ainda surgem em qualquer fotografia em que aparece de biquíni, por exemplo. O seu corpo saudável e atlético e o six-pack ainda à vista durante as gravidezes captaram todas as atenções e deram azo a um rol de críticas e comentário­s negativos. Ficou Carolina melindrada e vulnerável a tais comentário­s? “Não, nunca duvidei de que estaria a fazer o que achava certo para mim naquele momento. Durante as gravidezes, sinto-me confiante e invencível, uma supermulhe­r”, diz. Esta confiança de que nos fala é fruto de um trabalho longo. Carolina diz que “desde cedo desenvolvi “uma visão muito clara do meu corpo, com perfeita noção do que gosto menos ou mais. Nesse campo, as redes sociais apenas servem para empolgar os egos de quem ataca ou elogia o outro. Aprendi a aceitar ou camuflar o que não posso mudar e trabalhar com afinco no que está ao meu alcance”. Para Carolina, a melhor resposta é aquela que é inteligent­e, que não é direta, que dá que pensar, que, na dúvida, faz levar as mãos à cabeça. “Respondo sempre através do exemplo diário de disciplina no desporto, dia após dia (no que toca a ataques sobre aspeto físico) e na felicidade e na saúde estampadas na cara das minhas filhas (quando a maternidad­e é assunto)”, acrescenta. “Raramente me veem responder a provocaçõe­s nas redes”, acrescenta. Essa sua capacidade de filtrar os comentário­s e de não valorizar as críticas deve-se à aceitação da “dinâmica própria da linguagem das redes sociais. Concedo a esses comentário­s a importânci­a que eles têm, ou seja, na maioria dos casos, nenhuma. Uma pessoa que ataca outra de forma deliberada e inusitada, sem fundamenta­ções válidas, não merece qualquer tipo de consideraç­ão ou preocupaçã­o. Não me tiram o sono”.

ESPELHO DA FILOSOFIA WOMEN’S HEALTH

Carolina Patrocínio é o espelho do que a nossa revista defende: estilo de vida ativo, saudável, feliz e com todos os altos e baixos comuns do dia-a-dia, mas que fazem de nós mulheres mais fortes e resistente­s. “Não posso negar a relação emocional e intrínseca que tenho com Women’s Health, por ser uma revista que acompanho de perto. O facto de ser reconhecid­a como fonte de inspiração é também uma demonstraç­ão de responsabi­lidade que muito me orgulha.” Um dos nossos mais recentes esforços diz respeito ao movimento #oMeuCorpo, em que apelamos ao amor-próprio e a que as mulheres olhem com alegria para o seu corpo, cuidando dele diariament­e da mesma forma. Mas sabemos que os complexos continuam a atormentar muitas de nós. Para Carolina, é “algo que deve ser trabalhado de forma personaliz­ada e com o máximo cuidado. Infelizmen­te não é algo simplista que se possa generaliza­r, porque a mensagem chega de forma diferente a cada pessoa. A mensagem que passo é a de que o poder está em nós. Temos de nos esforçar por descobri-lo porque nós somos a nossa própria mudança”.

“A ÚNICA VOZ QUE OIÇO NO QUE TOCA À INTENSIDAD­E DOS MEUS TREINOS É A DO MEU PRÓPRIO CORPO. ESTOU DEMASIADO ATENTA A TODOS OS SINAIS QUE ELE ME DÁ PARA SABER OUVI-LO E RESPEITAR O SEU RITMO EM DIFERENTES ALTURAS DA VIDA”

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Calças, Fila
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NA ABERTURA T-Shirt, biquíni e bolsa de cintura, H&M Sapatilhas, Steve Madden Top (rosa), H&M Top (branco), Perff Calças, Fila Sapatilhas, Fila
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Calções, Fila
Meias (produção) Sapatilhas, Steve Madden
Body e cinto, Elisabetta Franchi Calções, Fila Meias (produção) Sapatilhas, Steve Madden

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