Nós desvendamos o mistério.
Pode a perda de peso ter um impacto tão grande na pele do rosto a ponto de causar rugas? Sim… e não só. Vamos desvendar o mistério.
Quando pensamos em perda de peso, pensamos sempre na perda de volume e de gordura corporal, num corpo mais esguio, em mais energia e numa autoconfiança perdida que fora agora reconquistada. Até aqui, tudo bem, são efeitos naturais dos quilos perdidos. Mas um processo de perda de peso tem ainda implicações no rosto, e isso nem sempre agrada. É certo que perder peso afeta a pele “por perda de volume, pois ao perdermos peso perdemos a dimensão das células adiposas e com a consequente perda de volume ‘sobra’ pele”, refere a dermatologista Manuela Cochito, que dá consultas na Clínica Médica Dra. Manuela Cochito e Colaboradores, em Lisboa. “Este fenómeno também se verifica no rosto, sendo mais significativa no terço inferior e no pescoço”, diz-nos a especialista. A maior flacidez do rosto e do pescoço parece ser a consequência mais óbvia. Porém, mais rugas, mais olheiras e mudança da expressão facial aparecem também à boleia dos quilos abatidos. Por isso é que “quando uma pessoa está com mais peso fica, do ponto de vista da cara, com uma aparência bem mais nova e saudável do que quando está mais magra, pois parece que tem mais idade”, afirma o dermatologista Luís Uva, da Clínica Secret Beauty, em Lisboa.
Apesar de não ser possível combater a genética e de haver fatores que não controlamos, perder peso de forma gradual, ter uma boa alimentação, privilegiar a hidratação, ter uma boa rotina de beleza e não ter hábitos nocivos são formas de atenuar os efeitos da perda de peso. Mas está na hora de entender o que acontece em concreto.
1 MENOS FIRMEZA
A flacidez da pele do rosto e do pescoço não é apenas uma consequência do passar dos anos. Quem diz adeus a alguns (ou muitos) quilos pode deparar-se também com esta realidade, visto que “a perda de peso leva a uma diminuição do tecido celular subcutâneo na face, havendo redução do volume geral. Isso faz que a pele fique mais flácida e com aparência mais enrugada. Além disso, um processo de emagrecimento rápido leva a um aumento da produção de radicais livres, que levam a um maior dano no colagénio, contribuindo para o aumento da flacidez”, esclarece Joana Dias Coelho, dermatologista na LMR – Clínica de Cirurgia Plástica, em Lisboa. A especialista sublinha ainda que “a aplicação de cremes antienvelhecimento de composição com ação antioxidante, como vitamina C, E e resveratrol aumenta a firmeza e dá luminosidade à pele. A aplicação de cremes com retinoides leva a um aumento da produção de colagénio, combatendo a flacidez”. Em clínica, continua, “procedimentos como radiofrequência, botox, fillers de ácido hialurónico, mesoterapia, peelings, lasers, entre outros, são aqueles que, de alguma forma, estimulam o colagénio e têm ação antioxidante”.
2 MAIS RUGAS
Emagreceu e nota que tem mais rugas? É normal. “Quando perdemos peso, a pele perde a capacidade de retrair por causa do dano no colagénio e na elastina, que são fundamentais para a elasticidade da pele”, explica Luís Uva, salientando que a perda de substância (leia-se gordura) na face leva ao aparecimento de mais rugas, pois “a pele não tem capacidade para se retrair quando perde o que está debaixo de si, e quanto mais idade a pessoa tem, pior é a capacidade de recuperação. Há rugas que podem aparecer ou ficar ainda mais pronunciadas se já existiam”.
3 OLHEIRAS MAIS INTENSAS
Menos peso leva a mais olheiras? Sim. Mais uma vez, a perda de gordura no rosto – aqui, mais concretamente em torno dos olhos – é a responsável. Diz o dermatologista Luís Uva que “grande parte da nossa gordura facial está, digamos, na zona das bochechas, e quando essa gordura desaparece, baixa essa zona e a olheira fica mais pronunciada”, podendo apresentar uma cor mais azulada ou azul acastanhada. Os preenchimentos faciais com ácido hialurónico, exemplifica, podem ajudar a corrigir a profundidade da olheira, já a carboxiterapia pode estimular a síntese de colagénio na pele.
4 AR MAIS CANSADO E TRISTE
Quando a “almofada entre a pele e o músculo”, que é a gordura, diminui, é comum que a pele “fique mais retraída”, aspeto que se agrava quando se dá ainda uma maior flacidez na zona do rosto, alerta o dermatologista Luís Uva. Estes dois processos, continua, “vão dar origem a uma expressão mais triste, mais cansada”. E esse é um dos principais motivos da consulta pós-perda de peso. “A pessoa sente-se mais triste, ou seja, a pessoa fica com o rosto mais triste, e é essa tristeza que identificamos e queremos tratar. Quando o fazemos, não estamos apenas a tratar a pele, estamos também a tratar a expressão. Temos de diagnosticar as emoções da pessoa, não apenas o tipo de pele e o seu estado, temos de identificar a expressão da pessoa, o que transmite, e não direcionamos o nosso tratamento para essa expressão”, afirma o especialista.