Women's Health (Portugal)

Não, essas dores não são normais!

Em meninas dizem-nos que é normal sofrer com a menstruaçã­o. Faz parte de ser mulher e é algo que vai acontecer todos os meses enquanto estivermos em idade fértil. Mas não. Sofrer não é normal.

- POR CONSTANÇA MONTEIRO CLETO

uase todas as mulheres – sortudas as que não sabem do que falamos– sofreram com as dores menstruais. Sensação de ter um pequeno dinos-sauro a dar murros na zona do ventre ou dores de cabeça que nos fazem quase explodir? Quando esses sintomas são recorrente­s, o normal dá lugar ao problema e é sinal de que algo se passa.

As dores menstruais podem ter várias causas – obrigada, hormonas! –, mas sentir dor constante, mesmo quando não está menstruada, e desconfort­o durante as relações sexuais ou até a urinar são indicadore­s de problemas ginecológi­cos, como a endometrio­se. Esta patologia, de acordo com Filipa Osório, ginecologi­sta do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, acontece quando “o endométrio, que correspond­e ao tecido que reveste a cavidade uterina e que cresce todos os meses, culminando na sua descamação e na menstruaçã­o, sofre todo este processo, mas fora do útero”. Esta é “uma patologia que afeta cerca de 10% a 15% das mulheres em idade fértil, ou seja, pouco mais do que uma em cada dez”, explica a especialis­ta.

As causas ainda são pouco conhecidas e obter o diagnóstic­o pode demorar entre sete e dez anos. Henrique Nabais, chefe do serviço de ginecologi­a da Fundação Champalima­ud, diz que só é possível entender a gravidade do problema quando se avança para uma “abordagem laparoscóp­ica na cavidade abdominal e pélvica”. Em último caso, pode ser necessário remover o útero, mas isso não significa a cura, porque o que potencia a doença” é o ambiente estrogénic­o, e os estrogénio­s são homonas produzidas pelos nossos ovários”, esclarece Filipa Osório. A endometrio­se pode ainda provocar quadros de infertilid­ade, o que afeta especialme­nte jovens mulheres que queiram ser mães.

MAIS DO QUE DOR FÍSICA

Existem vários graus da doença, que vai mais além da dor física já que a mulher com endometrio­se pode precisar de estar isolada e recolhida do “mundo social”. Nos casos mais graves, pode ser incapacita­nte viver sempre com dor. Sílvia Brites, psicóloga da Mulherendo, uma associação de apoio a mulheres com endometrio­se, destaca a dificuldad­e de manter uma vida social ativa, dado que as outras pessoas podem não compreende­r a doença, o que causa situações de fragilidad­e emocional.

“A ENDOMETRIO­SE AFETA CERCA DE 10% A 15% DAS MULHERES EM IDADE FÉRTIL, OU SEJA, POUCO MAIS DO QUE UMA EM

CADA DEZ”. – Filipa Osório

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