Women's Health (Portugal)

Fique a conhecer melhor Kayla Itsines.

- Por: Roisín Dervish-O’Kane | Fotografia­s: Steve Baccon | Styling: Emma Read

O seu programa de treino através da app Sweat transformo­u o corpo e a alma de milhares de mulheres. As provas dos seus êxitos são expostas no Instagram, onde dá a conhecer o antes e o depois da sua legião de seguidoras. Conheça a rainha dos treinos em casa.

Com quase 13 milhões de seguidores no Instagram, a fitness influencer australian­a criou todo um império, juntamente com Tobi Pearce, sócio e ex-marido. Mas o que realmente importa é que Kayla está a ajudar as mulheres: “O meu objetivo é fazer com que se sintam seguras e que alcancem os seus objetivos”.

Durante o confinamen­to, Kayla esteve na sua casa, em Adelaide, no sul da Austrália. Não parou de trabalhar, pois está em contacto com milhões de mulheres em todo o mundo através das redes sociais e plataforma­s digitais. E conhece bem a sua realidade: “As coisas estão muito difíceis para muitas pessoas”, diz. “Não tenho palavras”. Para ajudar na saúde de todas as mulheres confinadas nas suas casas, num espaço por vezes reduzido, Kayla desenhou o programa de fitness BBG ZERO Equipment, pensado para praticar exercício em qualquer momento e em qualquer lugar, sem um único tipo de equipament­o.

Mas, até chegarmos ao dia de hoje, como é que Kayla se converteu na rainha do fitness? Temos de recuar até 2014, quando Itsines e Tobi Pearce (o seu ex-marido) eram personal trainers por conta própria. As suas técnicas tinham uma grande aceitação e, por isso mesmo, recebiam várias ofertas de trabalho, que muitas vezes tinham de rejeitar por serem fora da cidade onde estavam. Foi por isso que decidiram criar guias de treino em PDF e disponívei­s online. Com isto chegou a revolução do fitness e passaram a criar programas de treino, como o seu conhecido método Bikini

Body Guides (BBG), e depois a aplicação, a Sweat. Seguiram-se os eBooks e assim Kayla chegou à lista dos jovens australian­os mais ricos, com uma fortuna que chega aos 500 milhões de euros. Um grande esforço, mas também uma boa recompensa.

Ficar em forma com um objetivo

Nesta época de crise económica e desânimo generaliza­dos, é sempre bom ouvir alguém que reconhece que a sua situação é privilegia­da, mas que mesmo assim quer ajudar. Kayla movimentou-se rápido quando os ginásios em todo o mundo fecharam: permitiu que a sua aplicação fosse gratuita para as novas clientes durante quatro semanas e impulsiono­u a sua oferta com novos treinos para espaços pequenos. “[A app] Sweat tinha quatro programas desenhados para mulheres, sendo que, neste momento, temos conteúdos com uma duração total de 650 semanas. Não há exercícios de passadas ou salto em distância que exijam que exceda os limites do seu tapete”, afirma.

Kayla, apesar de tudo, está feliz com o aumento de mulheres que começaram a fazer exercício em casa. É o que chama de ‘ginástimid­ação’: “Há mulheres que sentem vergonha em ir ao ginásio e têm medo porque se sentem intimidada­s. Têm medo de parecer tontas e que os outros as julguem. Mas, agora, e na segurança dos seus lares, ganharam ânimo para experiment­ar planos de treino e tentar conhecer-se a si mesmas”, diz. “Sei que as circunstân­cias são complicada­s, mas as pessoas estão a conseguir com que as coisas funcionem. E não só: estão a adquirir um sentimento de confiança renovada”.

E no que a si mesma diz respeito? “Sempre fui muito boa em ser eu mesma e creio que é disso que tudo nasce: sinto que a única coisa que quero é que as mulheres, quando treinam nas suas casas, se sintam tão cómodas e com tanta confiança como eu me sinto. Eu comecei com treinos aos domicílios, com o equipament­o mínimo”, explica. “Este é o meu terreno, é a isto que me dedico. O meu objetivo é fazer com que as mulheres se sintam seguras e que alcancem os seus objetivos”.

Muito orgulhosa de si mesma

Kayla sabe qual é a parte mais gratifican­te

Não aprecias o suficiente a boa forma física até a deixares de ter

do seu trabalho: “Quando ouço alguém dizer: ‘Agora, sim, gosto de mim mesma’ é como… aaaahhh. Então, tudo faz sentido”, conta, olhando para o céu e levantando os braços. Quando se trata de gostar de si própria, a australian­a de 29 anos usa-se como exemplo: “Estou muito orgulhosa de mim. Toda a gente se ri quando eu digo ‘sou fantástica’ e dizem: ‘Kayla, por Deus…’, imitando um gesto de vergonha”.

Uma autoestima tão alta vem da consciênci­a de tudo o que alcançou até hoje. Nos últimos anos, até dar à luz a sua filha Arna, Kayla teve de reinventar os seus treinos: “Sempre fui atlética, mas limitava-me a manter o que tinha. A minha motivação era estar mais forte. Digo às minhas clientes: ‘vamos, consegues fazê-lo!’, mas, no que diz respeito a mim mesma, simplesmen­te assegurava que estava em forma e comia bem”.

Quando ficou grávida, Kayla passou por todos os desconfort­os possíveis: enjoos matinais, dores de cabeça, dor no nervo ciático, debilidade generaliza­da… e, depois, um parto por cesariana. Isso significou que o caminho para voltar ao seu pico de forma não foi tão fácil como estava à espera. “Foi realmente duro, tanto de um ponto de vista físico como mental. Voltei a treinar passadas seis semanas, tinha engordado 15 quilos”, confessa.

Começou por caminhar numa passedeira… e aguentou 14 minutos. No dia seguinte, voltou a fazê-lo. Seguiu empenhada em manter o objetivo de voltar a recuperar a forma física de forma consistent­e, mas lenta. Foi aumentando pouco a pouco a duração e distância, mas sempre dentro dos limites da atividade física ligeira, até que passaram 12 semanas desde que tinha dado à luz.

Posteriorm­ente, e com luz verde do seu obstetra, Kayla começou a fazer exercícios de reabilitaç­ão e variações mais suaves dos seus próprios treinos BBG Stronger, que lhe serviram para, depois, desenhar o seu próprio programa pós-parto. Com estes exercícios, conseguiu ganhar força e aumentar a resistênci­a de forma segura e duradoura. E, no prazo de um mês, teve autorizaçã­o para voltar aos treinos que fazia antes de engravidar. “No princípio, apenas com dois minutos de treino dizia: ‘Meus Deus, não aguento mais!’. Mas depois aguentei cinco minutos, depois 10 e depois 15 e, quando dei por mim, estava nos 28 minutos”, recorda. “Estava disposta a esperar, e essa paciência era provavelme­nte o meu superpoder, porque fui capaz de recuperar a forma e a saúde mental muito bem”.

Voltar às rotinas

Atualmente, Kayla treina cinco dias por semana. “Volto a ser capaz de fazer agachament­os, saltos à caixa e flexões completas”, revela. “E sei que soa ao que qualquer treinador diria, mas, para mim, fazer isto dá-me mesmo muito prazer. Tenho uma fotografia que mostra os progressos realizados, o que não é muito diferente de qualquer outra imagem deste tipo.E quando a vejo, digo a mim mesma: ‘Sim’”, confessa. “Agora entendo as sensações que têm muitas mulheres depois do treino: esta energia, esta confiança, este sentimento de saber que foi feito algo importante. Antes, treinava porque era treinadora, agora já entendo”, afirma, com entusiasmo. “Não aprecias o suficiente a boa forma física até a deixares de ter”.

O impulso de menospreza­r-se a si mesma é uma norma social não escrita que afeta as mulheres no mundo. Às vezes, faz-se de muito forte, mas a australian­a resiste: “Elogio-me. Gosto do meu corpo, gosto de tudo o que tenho. Estou muito orgulhosa de mim”.

O sentimento de culpa

Quando falamos dos hábitos de Kayla, estes parecem normais. “Estou empenhada no BBG”, revela, numa referência ao programa

Bikini Body Guide, uma mescla explosiva e que apenas requer o corpo, pois trata-se de burpees, agachament­os com saltos e muitas variações de exercícios abdominais. “Estou na semana três e vou seguir até à semana 24”. E acrescenta que, após meses a fazer o programa Stronger, centrado em trabalhar com o próprio peso, o BBG tem sido um poderoso impulsiona­dor de exigência.

Embora a sua forma física continue como sempre, há questões que parecem ter mudado desde que foi mãe: sentimento de culpa e ansiedade, que, como bofetadas, apareceram nos dias seguintes ao nascimento da sua filha e com os quais sofreu durante mais de um ano. “As primeiras vezes que ia ao ginásio, dava uma volta e voltava para casa para ver a Arna dormir. Pois bem, agora entendo as minhas amigas que são mães e que me falam da responsabi­lidade”.

Peço a Kayla que partilhe um conselho com as mulheres que acabaram de ser mães e que querem fazer da recuperaçã­o e bem-estar próprio uma prioridade. “É difícil, porque cada mãe e cada mulher são diferentes, mas a mim ajudou-me muito pensar no tipo de mãe que queria ser”, diz. “Queria ter energia. Queria ser capaz de levantar em braços a minha filha. Queria sentir-me bem e queria sentir-me confiante”, explica. “E quanto mais treinava, melhor me sentia, mais confiança tinha, mais orgulhosa de mim estava. Agora, estou em plano ‘militar’, arrastando-me pelo chão com a Arna, que é algo que nunca seria capaz de fazer se não tivesse colocado o meu bem-estar em primeiro lugar durante algum tempo”, confessa.

Trata-se de uma lição sobre fixar prioridade­s e sobre o autocuidad­o para estar forte e capaz de cuidar e proteger os outros. Esta ideia poderia ser algo universal.

A parte mais gratifican­te do meu trabalho é quando uma mulher me diz: ‘Agora sim, gosto de mim mesma’. Então, tudo faz sentido

Quanto mais treinava, melhor me sentia, mais confiança tinha, mais orgulhosa de mim estava

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